BLOG ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE. AUTOR: ÁLAZE GABRIEL GIFTED.
Disponível em http://espiritualidade-e-religiosidade.blogspot.com.br
Autoria:
Letícia
Oliveira Alminhana; Alexander Moreira-Almeida. Universidade
Federal de Juiz de Fora
RESUMO GERAL
CONTEXTO: Embora existam muitos estudos relacionando o
contexto religioso com a saúde física e mental, há poucas pesquisas sobre a
interface entre religiosidade/espiritualidade (R/E) e personalidade.
OBJETIVOS: O objetivo principal foi revisar as evidências
empíricas de investigações sobre a relação entre religiosidade, espiritualidade
e personalidade.
MÉTODOS: Foi realizado um levantamento da produção
acadêmica por meio das bases de dados virtuais: PubMed e PsychInfo, com artigos
indexados até janeiro de 2008 e utilizando as combinações: "personality
and spiritu*" e "personality and religio*" Além
disso, foram pesquisados os artigos presentes em uma metanálise sobre o tema.
RESULTADOS: Alta Religiosidade está associada a baixo
Psicoticismo e a alta Amabilidade e Conscienciosidade. Conscienciosidade em
adolescentes pode ser um preditor significante para a maior religiosidade na
adultez jovem. E a dimensão de Religiosidade é mais provável candidata a
residir além dos cinco grandes fatores de personalidade.
CONCLUSÃO: A crença em uma dimensão de Religiosidade, em uma
realidade transcendente ou em um Deus pessoal, em alguns casos, parece não possuir
correspondências entre quaisquer dos cinco fatores de personalidade. Isso
parece indicar que a R/E seja um potencial sexto fator de personalidade que não
está presente nos modelos de personalidade atuais.
Palavras-chave: Personalidade, religiosidade/espiritualidade,
psicoticismo, amabilidade e conscienciosidade.
INTRODUÇÃO
A personalidade tem sido estudada pela psicologia,
no Ocidente, desde o século XIX. Contudo os aspectos ligados à
religiosidade/espiritualidade (R/E) foram pouco explorados ou até mesmo
patologizados por algumas teorias de personalidade e pela psicologia e
psiquiatria como um todo. Entretanto, atualmente, a relação entre R/E e saúde
foi examinada em publicação que revisou mais de 1.200 estudos realizados ao
longo do século XX: a The handbook of religion and health4.
Nele, os autores afirmam que a religião continua tendo um papel significativo
na vida das pessoas, mesmo depois de importantes avanços em áreas como
educação, psicologia e medicina. A exemplo disso, estudos mostram que as
crenças e as práticas religiosas são estratégias eficientes de muitos pacientes
para lidar com as doenças; 80% dos estudos revisados por Koenig et al.4
apontam para relações positivas entre religiosidade e bem-estar. Estudos
prospectivos, semiexperimentais e experimentais, sugerem que atividades
religiosas e/ou espirituais levam à redução dos sintomas de depressão e que
psicoterapias seculares e de orientação religiosa apresentam a mesma
efetividade4.
Nesse sentido, recentemente os fenômenos
relacionados à esfera religiosa e espiritual do comportamento humano foram
incluídos em classificações como o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais3,5 e, também, a Organização Mundial da Saúde
incluiu um domínio denominado religiosidade, espiritualidade e crenças pessoais
em seu instrumento de avaliação de qualidade de vida, o WHOQOL6.
Além disso, há muitos estudos que relacionam o contexto religioso com a saúde
física e mental, embora existam poucas pesquisas sobre a interface entre R/E e
personalidade7-9.
Atualmente, pesquisadores de diversas áreas começam
a ver a R/E como área de crescente potencial para a teoria e a pesquisa em
personalidade10. E, diante disso, este artigo objetiva revisar as
evidências empíricas de investigações sobre a relação entre religiosidade,
espiritualidade e personalidade.
MÉTODO
Foi realizado um levantamento da produção acadêmica
por meio das seguintes bases de dados virtuais: PubMed e PsychInfo, com artigos
indexados até janeiro de 2008. As pesquisas em tais fontes de dados foram
realizadas com as combinações: "personality and spiritu*" e
"personality and religio*"; e foram encontrados 530 artigos no PubMed
e 350 na PsychInfo. Os artigos foram selecionados a partir de seus títulos,
quando estes incluíam o estudo da personalidade e R/E, e, depois, dos resumos,
entre os quais foram incluídos apenas aqueles que faziam revisões sobre a
relação entre R/E e personalidade e que apresentavam resultados com dados
originais. Além disso, foram pesquisados os artigos presentes em uma metanálise
sobre o tema11 e foram analisadas as referências bibliográficas dos
artigos obtidos, com o objetivo de encontrar outros cujo tema fosse relevante
para o conteúdo abordado na presente revisão.
RESULTADOS
Nas últimas décadas, a fim de investigar as
relações entre personalidade e religiosidade/espiritualidade, muitos
pesquisadores utilizaram as taxonomias de traços de personalidade descritas em
dois grandes modelos. O primeiro é conhecido como "Três Grandes" (Big
Three) fatores ou P-E-N de Hans Eysenck; o segundo é o modelo dos
"Cinco Grandes" (Big Five) ou Modelo de Cinco Fatores, que foi
impulsionado pelas pesquisas léxicas de Cattel.
De acordo com Hall et al., o modelo de Hans
Eysenck apresenta dois aspectos centrais para o estudo da personalidade: um
descritivo, taxonômico e biológico, responsável pelas diferenças individuais e
fundamentais da personalidade; outro causal, que resulta da aprendizagem e do
ambiente.
No modelo de Hans Eysenck, Psicoticismo é o
fator associado a egocentrismo, frieza, agressividade, impessoalidade,
impulsividade, falta de empatia, criatividade, obstinação e antissociabilidade;
Extroversão associa-se a sociabilidade, vitalidade, atividade,
assertividade, busca de sensações, dominância; Neuroticismo está ligado
a características como ansiedade, depressão, sentimentos de culpa, baixa
autoestima, tensão, irracionalidade, timidez, tristeza e emotividade12.
A partir dessa teoria, foram desenvolvidos posteriormente o Eysenck
Personality Inventory (EPI), que avalia a introversão e o neuroticismo, e o
Eysenck Personality Questionnaire (EPQ), que inclui o psicoticismo1.
O segundo modelo, dos Cinco Grandes fatores de
personalidade ou Big Five, teve como base o trabalho de R. B. Cattell,
que pode ser considerado seu "pai intelectual". Suas análises
fatoriais da personalidade utilizaram a chamada "hipótese léxica",
que consistia em colher informações a partir de expressões encontradas na
linguagem natural das pessoas, encontrando em torno de 16 fatores que
descreviam a personalidade.
Utilizando método semelhante ao de Cattell, alguns
estudos posteriores analisaram a estrutura da personalidade e chegaram a apenas
cinco fatores que eram obtidos com confiabilidade. A nomenclatura de cada fator
utilizada no manual do Inventário de Personalidade NEO versão brasileira,
revisado (NEO PI-R), originalmente desenvolvido por Costa e McCrae, apresenta:
Extroversão, Neuroticismo, Abertura à Experiência, Conscienciosidade e
Amabilidade.
Extroversão e Neuroticismo correspondem aos fatores E e
N da escala de H. Eysenck. Abertura à Experiência está associada à
flexibilidade de pensamento, à fantasia e à imaginação, à abertura para novas
experiências e interesses culturais14. Conscienciosidade
refere-se ao senso de contenção, ao sentido prático, à responsabilidade, ao
zelo, à disciplina, à honestidade, à engenhosidade, à cautela, à organização e
à persistência. Amabilidade está ligada a atitudes e a comportamentos
pró-sociais, a características como altruísmo, cuidado, amor, apoio emocional,
docilidade, generosidade e lealdade. Conscienciosidade e Amabilidade
correspondem a polos opostos à escala de psicoticismo de Eysenck.
R/E E OS TRÊS GRANDES FATORES DA PERSONALIDADE
(PEN)
Teoricamente, as hipóteses de Michael Eysenck18
sobre o modelo dos Três Grandes fatores de personalidade afirmam que
extroversão e psicoticismo possuem associações negativas com religiosidade,
enquanto neuroticismo apresentaria associações positivas. Nesse sentido, uma
metanálise de 12 estudos sobre R/E e os Cinco Grandes fatores de personalidade
afirma que, em várias culturas e denominações religiosas, convergem para a
resultante associação entre religiosidade e baixo psicoticismo.
Contudo, é importante ressaltar nestes estudos qual
dimensão religiosa está sendo estudada. A dimensão mais utilizada na presente
revisão é a "orientação religiosa" proposta por Gordon Allport,
psicólogo de Harvard que também estudou a personalidade. De acordo com ele, a
orientação religiosa de uma pessoa pode ser Extrínseca ou Intrínseca. A
religiosidade extrínseca está associada a comportamentos religiosos que visam a
benefícios exteriores, de status, segurança e distração, em que a pessoa
se volta ao sagrado ou a Deus, mas sem desapegar-se do self. Por outro
lado, a religiosidade intrínseca está associada a um sentimento de significado
último da vida, em que a pessoa busca harmonizar suas necessidades e interesses
às suas crenças, esforçando-se por internalizá-las e segui-las completamente22.
Como diz Allport, ao estabelecer uma comparação entre as duas orientações:
"os extrínsecos usam sua religião enquanto os intrínsecos a
vivenciam".
Utilizando essa diferenciação, Maltby encontrou
resultados significativos que apresentaram associações negativas entre religiosidade
e psicoticismo. O estudo aplicou a Escala Modificada de Orientação Religiosa
(GORSUCH e VENABLE, 1983 – Age-Universal, Escala I – E –
Intrínseca-Extrínseca) e o Questionário de Personalidade de Eysenck (EPQR – A –
R) em duas amostras de estudantes universitários da Irlanda (n = 172) e da
Inglaterra (n = 213). Nos resultados, a orientação religiosa intríseca, mas não
a extrínseca, esteve associada negativamente a psicoticismo.
Michael Eysenck apresenta três alternativas para
explicar a consistente relação negativa entre psicoticismo e religiosidade: a
primeira seria que pessoas com baixo psicoticismo seriam mais atraídas para a
religião, possuindo mais atitudes positivas relacionadas a esta do que pessoas
com alto psicoticismo; a segunda explicação seria o oposto, ou seja, pessoas
que adotam atitudes e práticas religiosas tendem a apresentar como resultado
baixo psicoticismo e a última alternativa seria considerar que baixo
psicoticismo e alta religiosidade são características socialmente desejáveis;
logo, espera-se que pessoas com altos índices de sociabilidade apresentem menos
psicoticismo e mais religiosidade.
Com relação a isso, McCullough et al.
consideram que, embora os pesquisadores tenham sido bem-sucedidos em descobrir
uma correlação básica entre religiosidade e personalidade, estando as medidas
de uma relacionadas às medidas da outra, isso não explica por que tais medidas
estão relacionadas. Sendo assim, as duas primeiras alternativas de explicação
de Michael Eysenck carecem de mais estudos longitudinais para que se saiba a
direção dessa associação.
A terceira hipótese de Michael Eysenck para
explicar a relação negativa entre psicoticismo e religiosidade foi examinada
por Lewis, em dois estudos com o intuito de observar se essa relação estaria
"contaminada" pela expectativa social. No primeiro estudo, mesmo
controlando para os escores da Escala de Mentira, as únicas correlações
significativas encontradas foram a associação negativa entre psicoticismo e
religiosidade e a associação positiva entre psicoticismo e obsessividade.
No segundo estudo, a aplicação dos instrumentos
ocorreu em dois tempos: no primeiro momento os sujeitos responderam aos
questionários sob condições normais, mas no segundo, eles foram conectados a um
"detector de mentira" (bogus pipeline). Os resultados não
apresentaram diferenças significativas entre os escores obtidos sob condições
normais e sob a segunda condição, com o "detector de mentira"21.
A conclusão da revisão foi de que os dois estudos sustentam que a associação
entre religiosidade e traços de personalidade de obsessividade e de
psicoticismo não estão em função da expectativa ou desejabilidade social.
Hills et al. utilizaram o Religious Life
Inventory, incluindo escalas que mediam as dimensões de religiosidade
intrínseca, extrínseca e busca (quest – busca religiosa/espiritual) e o EPP
(Eysenck Personality Profiler), para avaliar os traços de
personalidade. Sua amostra foi de 400 estudantes universitários (110 homens e
290 mulheres). Os resultados não encontraram associações significativas entre
extroversão e religiosidade. Contudo, neuroticismo esteve associado
positivamente com religiosidade extrínseca e busca e não apresentou associações
com religiosidade intrínseca e com as variáveis comportamentais de frequência à
igreja e oração pessoal. Psicoticismo esteve associado negativamente a todas as
variáveis religiosas, comportamentais e psicométricas, sendo todas as
associações de magnitude similares, embora a relacionada à religiosidade
extrínseca seja a mais fraca. Também foi observado que as relações entre
psicoticismo e religiosidade não podem ser atribuídas a diferenças unicamente
de gênero (no caso o masculino), sendo, então, a associação negativa com
psicoticismo uma característica geral da religiosidade.
As observações mais importantes do estudo são de
que sentimento de culpa está associado a cada uma das orientações religiosas,
constituindo-se como um forte preditor de religiosidades intrínseca e de busca;
de que os intrínsecos parecem ser mais felizes, mais dogmáticos, não agressivos
e independentes; de que o comportamento religioso está associado com todos os
fatores de maior ordem do PEN Eysenckiano (Psicoticismo, Extroversão e
Neuroticismo), em contraste com os achados anteriores que afirmavam que o
psicoticismo era o único preditor mais evidente de religiosidade25.
Dessa forma, a análise dos dados deste estudo
sustenta a concepção de que as crenças religiosas estão associadas a
sentimentos de culpa, como se observa em Freud e em Pratt25 ao
tratarem da natureza da religião. No entanto, os resultados não apoiam a visão
de que indivíduos religiosos são, por outro lado, neuróticos, o que também
afirmava Freud. Ao contrário, segundo os autores, os intrínsecos tendem a ser
mais felizes e independentes.
Resumindo, os estudos que relacionam R/E e os Três
Grandes fatores da personalidade convergem para uma associação negativa entre
religiosidade e psicoticismo, que não é explicada pela desejabilidade social,
pelas diferenças de gênero.
R/E E OS CINCO GRANDES FATORES DA PERSONALIDADE (BIG
FIVE)
A revisão sistemática com metanálise de 13 estudos
sobre religiosidade e os cinco fatores de personalidade, realizada por Saroglou,
analisou diferentes dimensões de religiosidade. As religiosidades
geral/intrínseca e aberta-madura estiveram correlacionadas, principalmente, com
Amabilidade e Conscienciosidade (igual a baixo psicoticismo), conforme esperado
pelo autor. De acordo com Saroglou, a religião está relacionada com os cinco
fatores de personalidade, mas essa relação depende claramente da dimensão de
religiosidade que é medida. Para ele, os futuros artigos deveriam permitir que
as metanálises investigassem o impacto de variáveis moderadoras, como idade,
gênero, denominação e populações religiosas gerais versus específicas.
McDonald e Taylor conduziram um estudo com 1.129
estudantes universitários de Psicologia, no Canadá, e obtiveram resultados
semelhantes àqueles apontados por Saroglou. Uma das limitações do estudo,
apontada pelos autores, é o fato de que estudantes universitários podem não
constituir uma amostra apropriada para estudar as relações entre personalidade
e religiosidade.
McCullough et al. afirmam que a maioria dos
estudos sobre personalidade e religiosidade são transversais e com instrumentos
de autoavaliação. Segundo eles, as pesquisas longitudinais mais amplas, bem
como estudos que avaliem de forma mais completa a inter-relação da
personalidade e dos fatores sociais na formação da religiosidade, serão passos
lógicos no sentido de dar seguimento à visão de Allport para uma psicologia da
personalidade que ofereça uma luz à dimensão religiosa do funcionamento humano.
A única pesquisa longitudinal encontrada nesta
revisão é o estudo conduzido por McCullough et al., que examinou a
associação entre os Cinco Grandes fatores de personalidade e religiosidade, sob
a perspectiva do desenvolvimento. Os autores analisaram 492 adolescentes
superdotados (QI = ou > 135), entre 12 e 18 anos, por um período de 19 anos.
Os adolescentes foram avaliados em intervalos entre 5 e 10 anos, e seus pais e
professores também preencheram uma escala de personalidade relacionada à sua
percepção sobre cada participante. Em seus resultados, os adolescentes que
foram apontados pelos pais e professores como mais abertos à experiência se
tornaram mais religiosos na adultez, o que contraria as expectativas, pois a
Abertura à Experiência está relacionada à tendência a considerar novas ideias e
a questionar valores e crenças. Contudo, como os temas ligados à R/E são amplos
no que tange a ideias, crenças e valores, é possível que a Abertura à
Experiência possa predispor os adolescentes a considerarem as dimensões de R/E
da vida.
Os resultados obtidos após o controle para as
correlações entre os Cinco Grandes por meio de regressões multivariadas apontam
para a Conscienciosidade em adolescentes como o único preditor significativo
para a maior religiosidade na adultez jovem10. Segundo os autores,
isso parece sugerir processos de desenvolvimento em que a Conscienciosidade
seria uma tendência biológica e a religiosidade, uma característica adaptativa
que pessoas com alta conscienciosidade estariam propensas a adotar. Ainda
assim, a associação Conscienciosidade-religiosidade parece atingir os
adolescentes em geral, sem diferenças entre seus graus de educação religiosa.
Além disso, a pesquisa também observou que
adolescentes que mostravam maior instabilidade emocional estavam mais sujeitos
a adotar, na maioridade, níveis de religiosidade semelhantes aos de seus pais.
Para os autores, isso pode significar que o adolescente emocionalmente instável
pode adotar a religião dos pais como forma de manter o bem-estar afetivo e
evitar conflitos com a família.
Em resumo, os resultados encontrados nos estudos
apresentam associações positivas entre alta Conscienciosidade, alta Amabilidade
e religiosidade10,11,15,16; e a Conscienciosidade aparece como
preditor de religiosidade na adultez, independentemente da educação religiosa recebida10.
R/E PARA ALÉM DOS CINCO GRANDES
De acordo com Saucier e Goldberg, um corpo
considerável de pesquisas tem demonstrado o poder de síntese dos cinco amplos
fatores de personalidade, tanto em autodescrições quanto em descrições feitas
por outros. No entanto, alguns pesquisadores têm sugerido que um grande número
de conteúdo descritivo da personalidade não está incluído de forma adequada no
Modelo de Cinco Fatores.
No estudo conduzido por Hills et al., as
análises fatoriais entre dimensões de religiosidade e fatores de personalidade
preditivos observaram que as dimensões de religiosidade formavam um discreto e
substancial segundo fator que não estava associado com nenhum dos fatores
primários ou de maior ordem de personalidade. Assim sendo, os autores afirmam
que as diferentes dimensões de religiosidade parecem possuir mais em comum umas
com as outras do que com quaisquer dos fatores primários de personalidade.
Sendo assim, segundo Hills et al., pode-se concluir que ser religioso
está associado com algum aspecto da personalidade que não está representado nos
21 fatores primários do EPP (Eysenck Personality Profiler) ou que a
"consciência espiritual" é, ela mesma, uma diferença individual da
personalidade que está faltando nos modelos mais tradicionais. Esta última
possibilidade parece ser consistente com a sugestão de Piedmont, de que a
transcendência espiritual pode ser um fator adicional que não está incluído no
modelo de cinco fatores da personalidade.
Outro estudo realizado por Kosek, na Polônia,
investigou a utilidade do Modelo de Cinco Fatores como um instrumento
interpretativo para avaliar constructos religiosos. Segundo o autor, os
resultados sugerem que uma predisposição pessoal em direção aos outros (alta
Amabilidade e Conscienciosidade) está associada a uma crença positiva em
relação a Deus. As análises de regressões múltiplas sugeriram que os cinco
domínios de personalidade explicaram 4% da variedade na qualidade da relação
com Deus de uma pessoa, enquanto a orientação religiosa explicou 35% dessa
variedade. Este estudo é uma adaptação do paradigma de Piedmont e Hendrick e é
o primeiro a trazer essas questões ao contexto polonês.
Na Bélgica, Duriez et al. realizaram um
estudo com estudantes de Psicologia (n = 335) com o objetivo de analisar as
relações entre duas dimensões de religiosidade (Inclusão versus Exclusão
de Transcendência e Literalismo versus Simbolismo) e dois modelos de
personalidade: os Cinco Grandes e o Identity Style Inventory. Nos
resultados, Duriez et al. afirmam que não há nenhum tipo de relação
entre quaisquer dos cinco fatores de personalidade e a crença ou não em uma
realidade transcendente ou um Deus pessoal. Os resultados apontados por eles
estão em concordância com os achados de Piedmont e Paunonem e Jackson, os quais
sustentam que a religiosidade e a espiritualidade estão além dos fatores
representados no Modelo de Cinco Fatores de personalidade.
Nesse sentido, o estudo conduzido por Saucier e
Goldberg, da Universidade de Oregon, identificou 53 grupos de adjetivos que
pareciam não estar inseridos na classificação dos Cinco Grandes e os
administrou em uma amostra de 694 adultos, 57% mulheres, com idade média de 50
anos. Utilizando como ponto de corte uma relação de 0,3 para adjetivos serem considerados
independentes dos Cinco Grandes, apresentou os seguintes resultados:
Religiosidade, Valência Negativa e vários aspectos da Atratividade. Assim
sendo, segundo os autores, tais resultados apontam para a necessidade de
suplementação dos Cinco Grandes, caso se procure entender de modo mais
abrangente os traços de personalidade.
De modo ainda mais explícito, a análise de Paunonen
e Jackson, com relação à questão – "O que está além dos Cinco
Grandes?" –, lança a resposta – "Muita coisa!". Esta conclusão
está apoiada no exame, feito pelos autores, dos dados oferecidos por Saucier e
Goldberg, apresentados acima. Paunonen e Jackson consideraram os critérios de
Saucier e Goldberg muito liberais e decidiram reavaliar os 53 grupos de
adjetivos que pareciam não estar inseridos na classificação dos Cinco Grandes,
analisados anteriormente por Saucier e Goldberg. Eles escolheram, então, como
ponto de corte uma relação de 0,2 para adjetivos independentes dos Cinco Grandes,
a qual consideraram mais razoável, porém ainda liberal. Os resultados
apresentaram 26 grupos considerados relativamente independentes dos Cinco
Grandes. Destes, foram encontradas nove dimensões bipolares, e, de todas elas,
aquelas que identificavam o grupo "Religioso, devoto, venerado"
apresentaram as correlações mais baixas com os Cinco Grandes.
Conforme Paunonen e Jackson, esse resultado
confirma a afirmação de Saucier e Goldberg de que a dimensão de religiosidade é
a mais provável candidata a residir além dos cinco grandes fatores tradicionais
de personalidade.
ESPIRITUALIDADE COMO UM SEXTO FATOR DE
PERSONALIDADE
Piedmont apresenta três critérios empíricos que
seriam necessários para demonstrar que as variáveis espirituais representam algo
diferente das dimensões que abrangem o Modelo de Cinco Fatores: 1º. A nova
dimensão de personalidade precisa mostrar ser independente das cinco já
existentes; 2º. Precisa estar num nível de generalidade e abrangência
comparável às outras cinco, assumindo muitas facetas menores; 3º. Ela deve ser
recuperável, sobrevivendo às múltiplas fontes de informação, ou seja, por meio
de fontes de classificação e de medidas.
A pesquisa de Piedmont foi realizada no intuito de
desenvolver uma escala que pudesse conter medidas que capturassem aspectos do
indivíduo que sejam independentes das qualidades contidas no Modelo de Cinco
Fatores de personalidade. O instrumento é denominado de "Escala de
Transcendência Espiritual", sendo "transcendência espiritual"
definida como: a) Um senso de conectividade com toda a raça humana; b)
Universalidade, crença na natureza unitiva de toda a vida; c) Rezar, ter
sentimentos de alegria e contentamento que resultam de encontros pessoais com
uma realidade transcendente.
A pesquisa utilizou duas amostras: uma de
desenvolvimento, com 277 mulheres e 102 homens, e outra de validação, que
contou com 265 mulheres e 91 homens; cada participante indicou duas pessoas que
o conheciam há, no mínimo, três meses para responder a escalas sobre eles. Os
resultados confirmaram que a Transcendência Espiritual mostrou-se: 1º.
Independente das medidas do Modelo de Cinco Fatores; 2º. Evidenciou boa
convergência interobservada; 3º. Conseguiu predizer um amplo alcance de
resultados psicológicos salientes, mesmo depois do controle dos efeitos
preditivos dos Cinco Fatores da personalidade. Desse modo, segundo Piedmont, a
Transcendência Espiritual representa uma dimensão distinta no funcionamento
psicológico e deve ser considerada uma potencial sexta dimensão da
personalidade.
Na mesma direção, McDonald buscou explorar a
existência de uma estrutura fatorial significante que fundamentasse a
espiritualidade e a associação desta com a personalidade (Modelo de Cinco
Fatores). Os resultados apontaram para a existência de cinco dimensões robustas
de espiritualidade: 1. Orientação Cognitiva em relação à Espiritualidade
(inclui crenças, atitudes e percepções a respeito da natureza e da importância
da espiritualidade); 2. Dimensão Experiencial/Fenomenológica da Espiritualidade
(experiências que são descritas como espirituais, religiosas, místicas, de
pico, transcendentais e transpessoais); 3. Bem-Estar Existencial (sensação de
sentido e propósito para a existência e a percepção de si mesmo como sendo competente
e capaz de lidar com as dificuldades da vida e com as limitações da existência
humana); 4. Crenças Paranormais (crenças em precognição, psicocinese,
espiritualismo, fantasmas e aparições); 5. Religiosidade (expressão da
espiritualidade por meio de significados e símbolos religiosos). Para medir
essas dimensões, foi validado o Inventário de Expressões de Espiritualidade.
As associações entre o Inventário de Expressões de
Espiritualidade e o NEO PI-R apresentaram altas correlações entre a Dimensão
Fenomenológica/Existencial e Abertura para a Experiência, seguida por
Extroversão; Crenças Paranormais também obtiveram notáveis associações com
Abertura; Religiosidade esteve associada mais claramente com Amabilidade e
Conscienciosidade e menos com Abertura; Orientação Cognitiva em relação à
Espiritualidade esteve relacionada com Amabilidade e Conscienciosidade, seguida
por Abertura e Extroversão e Bem-Estar Existencial, apresentou correlações
negativas com Neuroticismo, enquanto obteve correlações significantemente
positivas com Conscienciosidade, Extroversão e Amabilidade.
No entanto, segundo McDonald, apesar dessas
associações, os elementos mais importantes da espiritualidade apresentam-se
conceitualmente únicos, apontando para a possibilidade de existirem grandes
aspectos da personalidade que não estão representados no Modelo de Cinco
Fatores.
Finalmente, Cloninger et al. desenvolveram o
Modelo Psicobiológico de Temperamento e Caráter. De acordo com os autores, o
Modelo de Cinco Fatores não captura algumas dimensões consideradas
indispensáveis para a compreensão de transtornos de personalidade e os aspectos
ligados à Autoatualização, descrita na Psicologia Humanista e na Psicologia
Transpessoal. Além disso, as análises fatorial e estatística não são capazes de
definir a estrutura causal subjacente à variabilidade biológica e social dos
traços de personalidade31. Assim sendo, os autores propõem um modelo
alternativo aos Cinco Grandes, que considera os determinantes biológicos e
sociais subjacentes, incluindo quatro dimensões de temperamento e três
dimensões de caráter. As dimensões de temperamento, de base hereditária, são: Busca
pelo novo; Evitação de sofrimento; Dependência de Recompensas
e Persistência.
As dimensões de caráter, ligadas a questões sociais,
ao autoconceito e ao aprendizado são: Autodiretividade (relacionada à
autonomia e à presença ou ausência de transtorno mental); Cooperatividade (relacionada
ao sentimento de fazer parte da humanidade como um todo) e Autotranscendência
(relacionada à sensação de fazer parte do universo como um todo e à
espiritualidade). A Autotranscendência, especificamente, é considerada um
processo de desenvolvimento relacionado à aceitação da espiritualidade, à
identificação com aquilo que está além do self individual e, em última
instância, à perda das fronteiras entre o self e os outros por meio da
identificação com o conceito de um Deus imanente, que está em tudo. Os autores
subdividem a Autotranscendência em cinco estágios: 1. Esquecimento do self
vs. egocentrismo; 2. Identificação transpessoal vs. individualismo;
3. Aceitação espiritual vs. materialismo racional; 4. Iluminação vs.
objetividade e 5. Idealismo vs. praticidade32.
Cloninger et al. desenvolveram o Inventário
de Temperamento e Caráter (ITC), o qual também auxilia no diagnóstico
diferencial. Segundo os autores, baixos escores nas escalas de caráter, como
Autodiretividade, estão associados com irresponsabilidade, baixo controle de
impulsos e transtornos de personalidade; baixa Cooperatividade é associada a
déficits de empatia, hostilidade, agressividade e oportunismo, e baixos escores
de Autotranscendência estão associados a comportamentos materialistas com pouca
ou nenhuma preocupação com ideais como bondade e harmonia universal.
DISCUSSÃO
Como afirmam McCullough et al., os estudos
transversais podem apenas sugerir associações entre personalidade e R/E, mas
não explicam o porquê de tais associações. Apenas os resultados do estudo
longitudinal conduzido por McCullough et al. apresentam dados mais
conclusivos a esse respeito, apontando para a primeira explicação de Michael
Eysenck, em que a alta conscienciosidade é preditora de religiosidade em
adultos.
Por outro lado, além de afirmar que há relações
entre personalidade e religiosidade, é imprescindível apontar para a dimensão
de religiosidade que está sendo associada a algum fator de personalidade.
Maltby, Maltby et al., Hills et al. e Koseck diferenciam as
dimensões de religiosidade, encontrando resultados como a associação negativa
entre a religiosidade intrínseca (RI) e o psicoticismo (P), mas não entre P e
religiosidade extrínseca (RE); alta RE e busca associadas a altos índices de
neuroticismo (N), bem como baixa RI a alto N; e RI e busca associadas
positivamente à Amabilidade e Conscienciosidade (A e C). Kosek ainda afirma que
pessoas com RI e busca possuem maior A e C, em outras palavras, de acordo com o
autor, pessoas com uma crença positiva em relação a Deus apresentam
predisposição pessoal em direção aos outros.
Um dos resultados que mais chamam a atenção nesta
revisão parece ser o fato de que a religiosidade mostra mais relações entre
suas diferentes dimensões (intrínseca, extrínseca e busca) do que com os
fatores de personalidade investigados (PEN ou Cinco Grandes). Além disso,
Saucier e Goldberg e Paunonen e Jackson apresentam resultados que corroboram
com Hills et al., apontando para as baixas correlações entre as
dimensões de religiosidade e os Cinco Grandes. Segundo os autores, a
religiosidade é a mais provável candidata a residir além dos Cinco Grandes
fatores de personalidade.
Assim sendo, diante da provável necessidade de se
analisar e investigar melhor a religiosidade ou a espiritualidade como
dimensões da personalidade, as pesquisas de Piedmont, McDonald e Cloninger et
al. podem estar apresentando resultados importantes para a maior
compreensão dessas dimensões.
Nesse sentido, ao analisar as dimensões de caráter
(Autodiretividade; Cooperatividade e Autotranscendência) propostas por
Cloninger et al., pode-se pensar se não apresentam alguma semelhança com
a Transcendência Espiritual de Piedmont. Isso porque Cloninger et al.
relacionam as três dimensões de caráter à maturação de autoconceito, ou seja,
quando a pessoa se sente: 1º. Um indivíduo autônomo; 2º. Parte da
humanidade como um todo e 3º. Parte do universo como um todo. Para Piedmont,
Transcendência Espiritual pode ser definida como: 1º. Um senso de conectividade
com toda a raça humana; 2º. Universalidade, crença na natureza unitiva de toda
a vida; 3º. Rezar, ter sentimentos de alegria e contentamento que resultam de
encontros pessoais com uma realidade transcendente.
Além disso, ao especificar algumas das cinco
dimensões de espiritualidade, McDonald também apresenta características
semelhantes aos outros dois. Entre outras, McDonald inclui: sentido e propósito
para a existência e a percepção de si mesmo como sendo competente e capaz de
lidar com as dificuldades da vida e com as limitações da existência humana e
expressão da espiritualidade por meio de significados religiosos.
CONCLUSÃO
Os principais achados desta revisão foram: Alta
Religiosidade associada a baixo P e altas A e C. Essa relação entre
religiosidade e personalidade depende claramente da dimensão de religiosidade
que é medida. Assim, observa-se que RI está associada a baixo P; Baixa RI, alta
RE e Busca estão associadas a alto N; e o sentimento de culpa aparece como
forte preditor de RI e Busca, embora os intrínsecos pareçam ser mais felizes,
ser dogmáticos, não agressivos e independentes.
O único estudo longitudinal encontrado apresenta C
em adolescentes como único preditor significante para a maior religiosidade na
adultez jovem. Isso sugere que a hipótese de Michael Eysenck esteja correta ao
afirmar que pessoas com baixo índice de P (ou alto índice de A e C) seriam mais
atraídas para a religião. McCullough et al. também concluem, a partir de
seus resultados, que adolescentes com maior instabilidade emocional estão mais
sujeitos a adotar níveis de religiosidade semelhantes aos de seus pais. Finalmente,
a associação positiva entre A e C, segundo Kosek, significa que uma
predisposição pessoal em direção aos outros está associada a uma crença
positiva em relação a Deus.
No entanto, embora tenham sido encontradas
associações significativas entre religiosidade e personalidade, alguns autores
sustentam que a crença em uma dimensão de Religiosidade, em uma realidade
transcendente ou em um Deus pessoal parece não possuir correspondências entre
quaisquer dos cinco fatores de personalidade. Dessa forma, a dimensão de
Religiosidade é apresentada como a mais provável candidata a residir além dos
cinco grandes fatores de personalidade e a Transcendência Espiritual, segundo
Piedmont, pode ser considerada uma sexta dimensão da personalidade. Por fim,
essa revisão também analisou duas importantes contribuições para a avaliação e
para o diagnóstico diferencial entre psicopatologia e R/E: as Cinco Dimensões
de Espiritualidade e o Inventário de Expressões de Espiritualidade,
desenvolvidos no estudo de McDonald, e as Três Dimensões de Caráter e o
Inventário de Temperamento e Caráter, desenvolvidos por Cloninger et al.
As diretrizes para futuras pesquisas são:
- avaliar a R/E como uma possível dimensão de
personalidade;
- desenvolver um modelo que possa reunir as
semelhanças encontradas entre os estudos de Piedmont, McDonald e Cloninger et
al.;
- conduzir um estudo longitudinal que possa avaliar
a relação entre R/E e personalidade.
Finalmente, ao que tudo indica, o estudo das relações
entre personalidade e R/E tem aumentado e sua investigação possui relevância,
principalmente porque muitos dados apontam para sua relação com o bem-estar e a
saúde.
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