BLOG ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE. AUTOR: ÁLAZE GABRIEL GIFTED.
EUTANÁSIA EM NAÇÕES DESENVOLVIDAS
Embora
oficialmente proibida e tecnicamente ilegal, a eutanásia é tolerada pelo
governo liberal-democrata holandês, e abertamente realizada com o apoio da
opinião pública. O médico que a pratica não será processado desde que
obedeça aos critérios estabelecidos pela Associação Médica da Holanda.
Estes critérios são quatro:
1.
O paciente deve ser legalmente capaz, excluindo-se,
assim, crianças, pessoas com retardo mental, distúrbios psiquiátricos e
pacientes comatosos;
2.
O paciente deve ter um sofrimento físico ou mental de
excepcional gravidade, sem nenhuma perspectiva de alívio, embora não
necessariamente seja portador de doença terminal;
3.
O paciente deve requerer, por escrito, consistente,
repetida e voluntariamente, a eutanásia; tais requerimentos devem ser bastante
documentados, com a supervisão de pelo menos duas testemunhas independente;
4.
O paciente deve ser examinado, no mínimo, por um outro
médico não envolvido nem seu tratamento.
Obedecidos
estes critérios, estima-se que ocorram entre 5 a 8 mil mortes anuais na
Holanda, devido à eutanásia. O método escolhido é em geral, o sono induzido por
barbitúrico, seguido por uma injeção letal de curare.
Nos hospitais chineses a eutanásia é praticada em recém-nascidos. Devido à
preocupação com o crescimento populacional, aos casais chineses é permitido ter
apenas um filho. Por conseguinte, muitas crianças anormais são abandonadas nos
berçários e, considerando-se que o governo não tem condições de cuidar delas,
muitas são mortas nos hospitais. Ressalte-se que, em virtude da inexistência de
um maior intercâmbio científico e da sensibilidade do tema, não é muito conhecido
o sistema ou prática de eutanásia na China.
Nos
Estados Unidos, na França, Grã-Bretanha, na Escandinávia e na Suíça já
existem correntes de opinião que defendem a prática da eutanásia.
Os
médicos franceses em sua maioria - 81% dos clínicos ouvidos pela revista
"Tonus", em pesquisa realizada em setembro de 1984 - defendem a
eutanásia ativa ou a passiva para os casos considerados clinicamente perdidos.
Muitos deles declararam ter auxiliado pacientes, sem nenhuma esperança de cura,
a morrer. Mas esclareceram se opor a qualquer prática que não considere a
vontade do paciente, seja para prolongar a vida, ou acelerar a morte.
Na
Inglaterra e Alemanha já existem clínicas especializadas em ajudar portadores
de doenças incuráveis a morrer. Nos EUA, uma pesquisa realizada n o meio médico
demonstrou que 40% dos entrevistados defendem a liberdade do paciente
decidir se quer abreviar a vida e 30% declararam que ajudariam nesse sentido se
o pedido partisse do doente. Na Suíça, a população de Zurique se manifestou,
através de plebiscito, em setembro de 1977, favorável à prática de eutanásia
ativa para os casos de "enfermidade incurável, dolorosa e definitivamente
fatal".
Quando
da tentativa do plebiscito pró-eutanásia na Califórnia, EUA, em 1988, 70%
do eleitorado eram favoráveis à sua aprovação, embora nem tenha chegado a
ocorrer, uma vez que apenas 130 mil das 450 mil assinaturas necessárias foram
obtidas. Em 1991, no Estado de Washington, EUA, foi proposta a chamada
"Initiative 119", com o objetivo de se permitir a participação do
médico na morte de um paciente que, consciente e mentalmente capaz, assim o
solicitasse. Dados da Associação Americana de Hospitais estimam que muitas das
seis mil mortes diárias nos EUA são de alguma forma planejadas por pacientes,
familiares e médicos. Na Itália, um país de forte tradição católica, a
eutanásia é defendida pelo Congresso Bioético de Milão, uma associação
privada e leiga.
O DIREITO
DE MORRER
Caso de inglês
que voltou a se comunicar depois de oito anos em coma reacende polêmica sobre
eutanásia
Falar
em eutanásia sempre foi motivo para que uma explosiva polêmica se instale. No
final de março, no entanto, de 1990, surpreendente caso de um jovem inglês que
voltou a se comunicar depois de 8 anos em coma profundo foi o estopim
para que a discussão se tornasse ainda mais acalorada. Andrew Devine, 30 anos,
sofreu graves lesões cerebreais durante um tumulto entre torcidas do Liverpool
e do Nottigham Forest ocorrido em 1989, no estádio de Sheffield, na Inglaterra.
Depois de um longo período no hospital, ele foi levado para casa, onde
ficou sob os cuidados da família. Hoje, o rapaz se comunica por meio de
um botão no qual um toque significa "sim" e dois "não".
No
Brasil, a mineira Zenália de Oliveira, 74 anos, acordou em 12 de novembro de
1996 de um sono profundo de sete anos. Tinha sofrido um aneurisma, passou por
duas cirurgias e foi condenada a uma vida vegetativa. Hoje, voltou a
falar e tem uma rotina normal em Montes Claros. Para quem é contra a
eutanásia, as reações de Devine e Zenália transformaram-se em poderosos
argumentos. "Se houvesse eutanásia na Inglaterra, esse rapaz já estaria
morto", acredita o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da
Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas. Especialista em Direito
Penal, critica a prática com veemência por entender que a medicina ainda não
tem a palavra final e que a indução à morte poderia se transformar em um
perigoso instrumento." Haveria sempre um manto de desconfiança em casos em
que o cônjuge deseja se livrar do outro para ficar com um amante", afirma.
O
advogado não está sozinho na sua posição. Na Austrália, a eutanásia, que havia
sido regulamentada no ano de 1996, acabou sendo revogada. No Brasil, além de
ser considerada homicídio, também não é vista com bons olhos pela maioria dos
médicos. Esta eutanásia repelida pela comunidade médica é aquela muito parecida
com a praticada, por exemplo, pelo médico americano Jack Kevorkian,
conhecido como o "doutor morte" por ter inventado a "máquina do
suicídio".
Formada
por tubos de ensaio repletos de substâncias que, quando misturadas, tornam-se
letais, a mistura ajuda pacientes com doenças terminais a morrerem mais
rapidamente. Isto é o que a maioria de médicos, juristas e a Igreja condenam: a
indução à morte. Essa é uma situação bastante diferente de casos em que médicos
e familiares optam por suspender o chamado "suporte avançado da via",
um conjunto de atos médicos, medicamentos e tecnologia capaz de manter vivo ou,
em muitos casos, apenas adiar a morte de um paciente. Atitude sem dúvida
difícil, a suspensão costuma ser recomendada nos casos em que o paciente, de
fato, não tem mais nenhuma chance de vida. O exemplo mais comum é um doente de
câncer em estágio terminal que entrou em coma pela própria gravidade de seu
estado.
"Poderíamos
prolongar a sua vida por mais um período. Ele morreria em paz em uma semana ou
depois de sofrer por 40 dias", explica o médico intensivista Flávio
Maciel, chefe da UTI de adultos do PAS-12, em São Paulo, e presidente da
Sociedade Paulista de Terapia Intensiva.
Nesses
casos, até mesmo a Igreja empresta seu apoio à suspensão do tratamento.
"Interromper um procedimento médico honeroso, extraordinário e
desproporcional aos resultados esperados pode ser legítimo", opina o padre
Fernando Altemeyer Jr., vigário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo.
Embora aos olhos leigos pode parecer difícil distinguir um caso em
que há chances de reversão do coma de outro completamente perdido, os médicos
acreditam que a tecnologia e a experiência podem favorecer uma resposta
bastante precisa.
Um
estado de coma provocado pela falência de múltiplos órgãos e sistemas, por
exemplo, tem sempre um prognóstico ruim. Afinal, nesses casos, causados
por traumatismos violentas, infecções graves e generalizadas ou processos
malignos como o câncer, nenhum órgão está mais funcionando razoavelmente.
"Quem
tem Experiência sabe que este quadro não vai mudar", explica Renato Terzi,
presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Além de tentar
abreviar o sofrimento do paciente, o que também se leva em consideração na hora
de decidir a oportunidade de manter um paciente como esse em um leito da
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é questionar até que ponto vale a pena manter
um lugar ocupado com uma pessoa que não tem mais chance de vida. Mas para os
que fecham questão contra a eutanásia, mesmo atitudes como essa podem, em
última instância, ser consideradas um crime contra a vida.
Suspender
o tratamento a alguém que vai morrer mais cedo ou mais tarde, no entanto,
não é considerado eutanásia como a que pratica o "doutor morte" nem
por quem o adota nem por outros estudiosos do assunto. "Nesses casos
interromper o tratamento é o reconhecimento de uma situação em que nada mais há
de ser feito", acredita o desembargador paulista Olavo Silveira.
Nos
casos em que ainda há esperança, no entanto, a prática é manter o
paciente vivo a partir da utilização de todos os recursos tecnológicos
possíveis, mesmo que o doente esteja em estado de coma. Isso porque há vários
comas que são reversíveis. "Só se pode pensar em suspensão de tratamento
quando há falência dos órgãos", afirma o cirurgião Quirino Cotti,
defensor do procedimento nesses casos. "Somos favoráveis a que se
desligue os aparelhos em situações de morte encefálica", completa Waldyr
Mesquita, presidente do Conselho Federal de Medicina. Mas mesmo nos casos de
manter vivo um paciente em coma com chances de recuperação há controvérsia. A
pergunta que se faz é qual será a qualidade de vida que ele terá.
"A
lei privilegia a autonomia do doente. Alguém perguntou ao jovem inglês se ele
quer viver dessa forma?", indaga Renato Terzi. "A vida não precisa
deste sentido utilitarista. Ela é vida enquanto se está vivo", rebate o
advogado D’Urso.
Fonte: ISTOÉ 16 de abril de
1997.
OPINIÕES
"Morrer
com dignidade é saber que tudo foi feito em favor da vida".
Jozéf
Féher,cardiologista
"Se a Medicina
não prolonga a vida em vida, para quê prolongar a morte?"
"A vida só vale
se existir dignidade. Viver como um amontoado de órgãos não é vida".
Carmita
Abda,psiquiatra
"O médico vai
até o ponto onde ele cura, depois tem de ter a humildade de saber que não pode
mais avançar".
Caio
Rosenthal,infectologista
"Eu chamo
homicídio uma atividade que mata uma pessoa contra a sua vontade. Eu chamo de
eutanásia ativa uma atividade que ajuda uma pessoa morrer conforme sua vontade,
seu pedido, expresso ainda em boas condições de saúde ou nos últimos momentos
de vida".
Padre Hubert
Lepargneur
"Não pedi
e não escolhi de quem, por que, onde e quando nascer. Da mesma forma não posso
decidir quando, como, onde, de que e por que morrer."
Roberto Freire
"É chocante e
até irônico constatar situações em que a mesma sociedade que negou o pão para o
ser humano viver, oferece-lhe a mais alta tecnologia para ‘bem morrer’."
Léo Pessini,padre
camiliano
"Os médicos não
são senhores da vida, não são capazes de criar vida do nada e não têm o direito
de tratar a vida como se fosse nada. Deve-se acima de tudo, respeitar as limitações
da medicina".
Dr. Evaldo
D’Assumpção, cirurgião plástico
ENTREVISTAS
ENTREVISTA
CONCEDIDA AO GRUPO PADRE NICOLAU, DA MATRIZ “NOSSA SENHORA DA
PIEDADE-BARBACENA”
1)
A Igreja Católica é contra a qualquer tipo de Eutanásia. Qual a sua posição pessoal
frente a esse assunto?
Vigário
paroquial: Minha opinião pessoal é contra. Pois a Eutanásia é
contra a vida e não temos o direito de tirá-la. O Papa escreveu numa Encíclica
contra a prática da Eutanásia e do aborto e devemos, como católicos, segui-la.
Do mesmo modo, devemos seguir o V Mandamento da Lei de Deus, que é "Não
Matar ". Segundo a Teologia e a Moral, é um erro tirar a vida de alguém.
2)
Mesmo se o paciente estiver sofrendo muito e sem chance de cura, não deve ser
feita a Eutanásia?
Vigário
paroquial: É um ponto delicadíssimo. Existem alguns padres mais modernos, que
aceitam a Eutanásia nestes casos. Porém, eu sigo a Encíclica do Papa que a
condena. Por exemplo, se uma criança nasce monstruosa, é dever do padre
batizá-la e respeitar sua vida, sem preconceitos, independente de ser normal ou
não.
Assim como é dever do médico preservar a vida do seu paciente, é dever do
padre seguir os ensinamentos de Deus do Evangelho e da Bíblia.
3)
O senhor não acha que pessoas que ficam anos ligados a aparelhos, sem
perspectivas de cura, poderiam estar prejudicando outros pacientes, que não são
internados por falta de leitos?
Vigário
paroquial: Não se pode permitir um mal, para se fazer o bem. Por exemplo, não
se pode realizar uma festa pecaminosa para arrecadar donativos para os pobres. Não podemos salvar a todos temos que salvar
salvar quem chegou primeiro, quem Deus nos mandou primeiro. A falta de leitos
para todos, precariedade da saúde é causada pelo descaso do Estado para com a
sociedade.
4)
O Senhor tem algum caso para nos contar?
A
Rússia antiga incendiava os hospitais com os leprosos dentro, a fim de
exterminar a vidas dessas pessoas, que não tinham condição de contribuir para a
sociedade. "Uma vez, cheguei ao hospital e encontrei uma moça que dizia
querer se suicidar, não queria mais viver. Então, levei minha palavra
amiga e tentei reanimá-la. Ela chorava muito. Depois de muito conversar com
ela, ela disse que queria se confessar. E após longo diálogo a convenci que
Deus encontra respostas para todos os problemas, que a vida é bela e devemos
preservá-la.".
ENTREVISTA
CONCEDIDA AO GRUPO PELO JUIZ DR. ÊNIO MARCOS FERNANDINO
1)
A prática da Eutanásia é considerada crime. Quais as penas previstas para cada
tipo de Eutanásia? (Quando for Homicídio ou Indução ao Suicídio por exemplo).
Juiz:
A prática da Eutanásia é um délito, um crime penal, o qual não se confunde com
homicídio ou suicídio.
2)
Deve-se fazer a Eutanásia em casos terminais ou se deve esperar o avanço da
Medicina a procura de uma cura?
Juiz:
Não; A função do médico é salvar a vida. Enquanto há esperança à vida, ele não
deve ver o estado do paciente como um próprio desafio, e é através desse
desafio que a Medicina avança no sentido de enriquecer o ser humano. Por pior
que seja o caso, deve-se procurar uma solução.
3)
Há casos em que os pacientes recuperam-se depois de vários anos em " Coma
" (sono profundo). Em contrapartida, esses doentes ocupam o lugar de
outros que poderiam ter sido salvos, dê seu parecer.
Juiz:
A atual sociedade é hipócrita. A Medicina inumeras vezes, deixa de lado sua
principal finalidade que é salvar vidas e toma um rumo mercantilista. A
Sociedade Médica deve honrar o juramento e não deve existir portanto a frase:
" fulano não tem mais cura ".
4)
O nosso código Penal é de 1940 e não trata especificamente de Eutanásia. Há um
Anteprojeto de Lei que traz como novidade, um parágrafo específico sobre a
Eutanásia; Qual a sua posição?
Juiz:
Sou terminantemente contra à legalização. Ninguém pode definir se a pessoa se
recuperará ou não. A responsabilidade de decidir se deve terminar com a vida de
alguém, não cabe a um Juiz ou Médico. Deus deu a vida e só Deus pode tirar.
5)
Há casos, em que a família do doente pede a autorização jurídica para realizar
a Eutanásia. Qual a sua posição?
Juiz:
O Juiz não tem autoridade para deferir um pedido de Eutanásia, pis se o fizer
estará indo contra o Código Penal. E no meu caso contra os princípios morais e
religiosos. Eu posso julgar fatos, mas não posso julgar sua consciência.
ENTREVISTA
CONCEDIDA AO GRUPO PELO PRESIDENTE DO CENTRO ESPÍRITA ARAQUEM, ALTAMIR ZONZIM
1)
Qual a posição da Doutrina Espírita em relação à prática da Eutanásia?
Somos
contra. No espiritismo acredita-se na sobrevivência da alma. Matar o corpo não
resolve pois o espírito continua vivo e a reencarnação é um resgate do passado.
Um minuto de vida é vida; cada minuto de vida é um resgate.
2)
Mesmo se o paciente estiver sofrendo muito e sem chance de cura?
O
sofrimento do corpo enriquece o espírito, resgata seu passado. O arrependimento
de uma pessoa que significa engradecimento pode vir a ser feito no último
minuto e a Eutanásia, pode acabar impedindo esse arrependimento.
No caso da morte cerebral, a morte é do corpo. O espírito ainda fica
enlaçado com o corpo, esse desenlace é lento e deve ser respeitado para que não
haja prejuízo do resgate.
3)
O senhor tem algum caso para nos contar?
Uma
jovem americana que já estando em coma durante muito tempo, seus aparelhos
foram desligados, ficando além ainda viva por mais alguns anos. Isso prova que
não era a hora de seu desencarne.
CONCLUSÕES
Este
trabalho presta-se a examinar as linhas mestras que norteaim tão polêmico
assunto contribui de certa forma, para a nossa concientização como futuros
médicos.
Ao escolher a Medicina como nossa profissão temos como objetivo salvar as
vidas.
Praticar
a Eutanásia é ir contra a vida. Mesmo em casos terminais, como câncer e AIDS,
mesmo a pedido do paciente ou da família, o dever do médico é sempre buscar a
cura e não aceitar a morte. Os casos mais graves devem ser encarados como um
desafio e um estímulo ao desenvolvimento da Medicina.
Praticar
a Eutanásia resultaria na falência da moral Médica. Os pacientes não confiariam
mais em seus médicos e haveria dúvida quanto a sua verdadeira função. A
Medicina, infelizmente, não atingiu tamanho grau de perfeição que não admita
erros de diagnóstico, não devemos esquecer que a Medicina é uma ciência
biológica e não matemática e que o prognóstico que qualifica uma só uma opinião
que, como humana, pode ser errônea.
Se
os homens não dão a vida, por que hão de tirá-la? Se a função da medicina é
curar, aliviar sofrimentos, consolar, por que há ela de desanimar e matar?
Enquanto há vida, existe esperança. O lema da humanidade deve ser homo res
homini sacra, e não homo homini lupus. A extinção da vida não é uma tarefa
humana.
Para
finalizar, vamos relatar um caso verídico citado por Flamínio Fávero que
dizia... Em uma de suas memoráveis aulas, Estácio de Lima, citado por Flamínio
Fávero, dizia que adoecera gravemente uma criança, a muitos quilômetros de
Paris, anos atrás. Seu pai era médico e não se afastava do lado dela nem se
descuidava de seu mal. Sua moléstia porém, era a terrível e incurável difteria,
para a qual não havia remédio.
Sofria
esse homem duas vezes, o que é uma forma de sofrer mais: sofria como médico, e
sofria como pai. Usou todos os recursos possíveis e imagináveis para salvar sua
filhinha, mas a asfixia era progressiva e a cianose anunciava-se como sinal
precursor da morte. Desesperado, consultava Paris através de seus maiores
vultos e a resposta não vinha. Desesperado e sem meios, pois sabia que a cura
era impossível e o sofrimento insuportável, pensou em amenizar aquela dor. E
naquele resto de noite injetou na criança uma forte dose de ópio, e Anjo da
Noite levou-a para o Vale das Sombras. Com o chegar do novo dia, vinha também
de Paris um comunicado que dizia: "Roux descobriu o milagre.
Segue o soro antidiftérico...".
Infelizmente,
a Medicina não conta ainda com os milagres para a ressurreição.
ARGUMENTOS A FAVOR DA EUTANÁSIA
Alguns
defensores da Eutanásia apresentam os seguintes argumentos:
·
Corresponde a uma escolha de modo a evitar a dor
e o sofrimento das pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em face
terminal;
·
É uma escolha consciente e informada;
·
Cada pessoa tem o direito à autodeterminação, à
escolha pela sua vida e pelo momento da sua morte;
·
Não pode ser irreflectida, pois as componentes
biológicas, culturais, sociais, económicas e psíquicas deverão ser avaliadas e
pensadas de forma a assegurar a verdadeira autonomia do individuo, de modo a
que não haja a possibilidade de arrependimento;
·
Uma defesa que assume o interesse individual
acima do da sociedade, que nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. A
Eutanásia não defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a
concebe como melhor opção ou a única;
—
Os defensores acreditam que este seja um caminho para evitar a dor e o
sofrimento de pessoas em fase terminal.
—
A pessoa teria direito à escolha pela sua vida e pelo momento da morte.
—
Quando uma pessoa passa a ser prisioneira do seu corpo, dependente de outras
pessoas para ter as necessidades mais básicas. O medo de ficar só, de ser um
"fardo" e a revolta levam o paciente a pedir o direito a morrer com
dignidade.
Os
indivíduos acreditam que esta seja uma escolha de modo a evitar a dor e o
sofrimento de pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em fase
terminal. Trata-se de uma escolha consciente e informada que reflecte o fim de
uma vida em que quem morre não perde o poder de ser digno até ao fim.
A
escolha da morte não poderá ser irreflectida, pois as componentes biológicas,
culturais, sociais, económicas e psíquicas deverão ser avaliadas e pensadas de
forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo, embora alheio de
influências exteriores à sua vontade, e se certifique a impossibilidade de
arrependimento.
O
Homem tem necessidade de satisfazer as necessidades mais básicas, contudo o
medo de ficar só, de ser um “estorvo”, a revolta e a vontade de dizer não ao
novo estatuto e como Ramon Sampedro refere, no filme Mar
Adentro, “a vida assim não é digna para mim” leva a conduzir o indivíduo a
pedir o direito a morrer com dignidade e a afirmar que “viver é um direito não
uma obrigação” (Ramon Sampedro).
Tem-se
entendido a morte com dignidade como, morrer com conforto físico, emocional,
psicológico e espiritual, fornecido por profissionais de saúde competentes em
conjunção com familiares e se possível viver os seus últimos dias em casa.
Todos aqueles
que acham a eutanásia um acto necessário em situações extremas, apresentam
algumas argumentos a favor da Eutanásia. Eles acham que a Eutanásia é um modo
de fugir ao sofrimento aquando da falta de qualidade de vida e em fase
terminal. Também pensam que ao morrer de uma forma pouco dolorosa é significado
de morte digna.
Cada pessoa
tem autonomia para decidir por si próprio, estando na base da escolha pela
prática ou não da eutanásia. A eutanásia não apoia nem defende a morte em si,
apenas faz uma reflexão de uma morte mais suave e menos dolorosa que algumas
pessoas optam por ter, em vez de viveram uma morte lenta e sofrida.
O indivíduo ao
escolher a prática da eutanásia tem de ter consciência do que está a fazer,
havendo consequentemente a impossibilidade do arrependimento. É preciso
analisar os diversos elementos sociais que o rodeiam, incluindo também
componentes biológicas, familiares e económicas.
CONTRA
—
Do ponto de vista religioso, é tida como uma usurpação do direito à vida
humana, devendo ser um exclusivo reservado ao "Criador ", ou seja, só
ele pode tirar a vida de alguém.
—
Da perspectiva da ética médica, cabe assim ao médico assistir o paciente,
fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário ao tratamento.
—
O Código Penal considera crime quem ajuda em suicídio ou homicídio mesmo que a
pedido da vitima ou por "compaixão".
Os cuidados
paliativos o tratamento da dor e sofrimento humano são a alternativa à
eutanásia. A legalização da eutanásia poderia ser aplicada de uma forma
abusiva, tendo como consequência a morte sem o consentimento das pessoas em
causa.
A dificuldade
de muitas vezes prever o tempo de vida que resta ao doente, bem como a
existência da possibilidade de o prognóstico médico estar errado o que levaria
à prática de mortes precoces e sem sentido. A possibilidade que existe de o
utente se sentir menos seguro no que respeita ao tratamento, devido ao seu
médico já ter praticado a eutanásia, levaria a que a relação médico/utente
viesse a ser afectada de uma forma negativa.
O juramento de
Hipócrates que obriga o médico a não provocar danos no utente seria violado ao
ajudar alguém a apressar a vinda da morte o que poderia causar transtornos a
nível psicológico nos médicos. No que respeita à família, os familiares ou
herdeiros poderiam agir com interesse financeiro e recomendar ou mesmo
incentivar a eutanásia.
Em termos de
crenças as grandes religiões tais como a Católica afirma que a vida provém de
Deus e só a Ele lhe compete tirá-la, levando a que muitas das pessoas crentes
rejeitem por completo a prática da eutanásia.
CONTRA RELIGIOSO
Do ponto de
vista religioso a eutanásia é tida como uma usurpação do direito à vida humana,
devendo ser um exclusivo reservado ao “Criador”, ou seja, só Ele pode tirar a
vida de alguém. “A Igreja, apesar de estar consciente dos motivos que levam a
um doente a pedir para morrer, defende acima de tudo o carácter sagrado da
vida,...” (*****, Susana; Silva, Florido,2004, p.37).
A
reencarnação, o karma dos hinduistas, a roda da vida dos budistas, explica
isso. Veja bem, situações como estas, servem para crescimento espiritual dos
que estão em torno do doente e do próprio enfermo - estude mais isso.
Da perspectiva
da ética médica, tendo em conta o juramento de Hipócrates, segundo o qual
considera a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico não pode ser juiz
da vida ou da morte de alguém, a eutanásia é considerada homicídio. Cabe assim
ao médico, cumprindo o juramento Hipocrático, assistir o paciente,
fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência. Para além
disto, pode-se verificar a existência de muitos casos em que os indivíduos
estão desenganados pela Medicina tradicional e depois procurando outras
alternativas conseguem curar-se.
"Nunca é
lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse (...)
nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de
sobreviver" (Santo Agostinho in Epístola).
Outro dos
argumentos contra, centra-se na parte legal, uma vez que o Código Penal actual
não especifica o crime da eutanásia, condenando qualquer acto antinatural na
extinção de uma vida. Sendo quer o homicídio voluntário, o auxilio ao suicídio
ou o homicídio mesmo que a pedido da vitima ou por “compaixão”, punidos
criminalmente.