segunda-feira, 27 de maio de 2013

EUTANÁSIA: RESENHAS E EXPERIÊNCIAS EM NAÇÕES DESENVOLVIDAS

BLOG ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE. AUTOR: ÁLAZE GABRIEL GIFTED.



EUTANÁSIA EM NAÇÕES DESENVOLVIDAS


Embora oficialmente proibida e tecnicamente ilegal, a eutanásia é tolerada pelo governo liberal-democrata holandês, e abertamente realizada com o apoio da opinião pública. O médico que a pratica não será processado desde que obedeça  aos critérios estabelecidos pela Associação Médica da Holanda. Estes critérios são quatro:


1.      O paciente deve ser legalmente capaz, excluindo-se, assim, crianças, pessoas com retardo mental, distúrbios psiquiátricos e pacientes comatosos;

2.      O paciente deve ter um sofrimento físico ou mental de excepcional gravidade, sem nenhuma perspectiva de alívio, embora não necessariamente seja portador de doença terminal;

3.      O paciente deve requerer, por escrito, consistente, repetida e voluntariamente, a eutanásia; tais requerimentos devem ser bastante documentados, com a supervisão de pelo menos duas testemunhas independente;

4.      O paciente deve ser examinado, no mínimo, por um outro médico não envolvido nem seu tratamento.


Obedecidos estes critérios, estima-se que ocorram entre 5 a 8 mil mortes anuais na Holanda, devido à eutanásia. O método escolhido é em geral, o sono induzido por barbitúrico, seguido por uma injeção letal de curare.

Nos hospitais chineses a eutanásia é praticada em recém-nascidos. Devido à preocupação com o crescimento populacional, aos casais chineses é permitido ter apenas um filho. Por conseguinte, muitas crianças anormais são abandonadas nos berçários e, considerando-se que o governo não tem condições de cuidar delas, muitas são mortas nos hospitais. Ressalte-se que, em virtude da inexistência de um maior intercâmbio científico e da sensibilidade do tema, não é muito conhecido o sistema ou prática de eutanásia na China.

Nos Estados Unidos, na França, Grã-Bretanha, na Escandinávia e na Suíça já existem  correntes de opinião  que defendem a prática da eutanásia.

Os médicos franceses em sua maioria - 81% dos clínicos ouvidos pela revista "Tonus", em pesquisa realizada em setembro de 1984 - defendem a eutanásia ativa ou a passiva para os casos considerados clinicamente perdidos. Muitos deles declararam ter auxiliado pacientes, sem nenhuma esperança de cura, a morrer. Mas esclareceram se opor a qualquer prática que não considere a vontade do paciente, seja para prolongar a vida, ou acelerar a morte.

Na Inglaterra e Alemanha já existem clínicas especializadas em ajudar portadores de doenças incuráveis a morrer. Nos EUA, uma pesquisa realizada n o meio médico demonstrou que 40% dos entrevistados defendem a liberdade do paciente  decidir se quer abreviar a vida e 30% declararam que ajudariam nesse sentido se o pedido partisse do doente. Na Suíça, a população de Zurique se manifestou, através de plebiscito, em setembro de 1977, favorável à prática de eutanásia ativa para os casos de "enfermidade incurável, dolorosa e definitivamente fatal".

Quando da tentativa do plebiscito pró-eutanásia na Califórnia, EUA,  em 1988, 70% do eleitorado eram favoráveis à sua aprovação, embora nem tenha chegado a ocorrer, uma vez que apenas 130 mil das 450 mil assinaturas necessárias foram obtidas. Em 1991, no Estado de Washington, EUA, foi proposta a chamada "Initiative 119", com o objetivo de se permitir a participação do médico na morte de um paciente que, consciente e mentalmente capaz, assim o solicitasse. Dados da Associação Americana de Hospitais estimam que muitas das seis mil mortes diárias nos EUA são de alguma forma planejadas por pacientes, familiares e médicos. Na Itália, um país de forte tradição católica, a eutanásia é defendida pelo Congresso Bioético  de Milão, uma associação privada e leiga.

 

O DIREITO DE MORRER


Caso de inglês que voltou a se comunicar depois de oito anos em coma reacende polêmica sobre eutanásia

 Falar em eutanásia sempre foi motivo para que uma explosiva polêmica se instale. No final de março, no entanto, de 1990, surpreendente caso de um jovem inglês que voltou a se comunicar depois de 8 anos  em coma profundo foi o estopim para que a discussão se tornasse ainda mais acalorada. Andrew Devine, 30 anos, sofreu graves lesões cerebreais durante um tumulto entre torcidas do Liverpool e do Nottigham Forest ocorrido em 1989, no estádio de Sheffield, na Inglaterra. Depois de um longo período no hospital, ele foi levado para casa, onde ficou  sob os cuidados da família. Hoje, o rapaz se comunica por meio de um botão no qual um toque significa "sim" e dois "não".

No Brasil, a mineira Zenália de Oliveira, 74 anos, acordou em 12 de novembro de 1996 de um sono profundo de sete anos. Tinha sofrido um aneurisma, passou por duas cirurgias e foi condenada  a uma vida vegetativa. Hoje, voltou a falar e tem uma rotina normal em Montes Claros. Para quem  é contra a eutanásia, as reações de Devine e Zenália transformaram-se em poderosos argumentos. "Se houvesse eutanásia na Inglaterra, esse rapaz já estaria morto", acredita o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas. Especialista em Direito Penal, critica a prática com veemência por entender que a medicina ainda não tem a palavra final e que a indução à morte poderia se transformar em um perigoso instrumento." Haveria sempre um manto de desconfiança em casos em que o cônjuge deseja se livrar do outro para ficar com um amante", afirma.

O advogado não está sozinho na sua posição. Na Austrália, a eutanásia, que havia sido regulamentada no ano de 1996, acabou sendo revogada. No Brasil, além de ser considerada homicídio, também não é vista com bons olhos pela maioria dos médicos. Esta eutanásia repelida pela comunidade médica é aquela muito parecida com a praticada,  por exemplo, pelo médico americano Jack Kevorkian, conhecido como o "doutor morte" por ter inventado a "máquina do suicídio".

Formada por tubos de ensaio repletos de substâncias que, quando misturadas, tornam-se letais, a mistura ajuda pacientes com doenças terminais a morrerem mais rapidamente. Isto é o que a maioria de médicos, juristas e a Igreja condenam: a indução à morte. Essa é uma situação bastante diferente de casos em que médicos e familiares optam por suspender o chamado "suporte avançado da via", um conjunto de atos médicos, medicamentos e tecnologia capaz de manter vivo ou, em muitos casos, apenas adiar  a morte de um paciente. Atitude sem dúvida difícil, a suspensão costuma ser recomendada nos casos em que o paciente, de fato, não tem mais nenhuma chance de vida. O exemplo mais comum é um doente de câncer em estágio terminal que entrou em coma pela própria gravidade de seu estado.

"Poderíamos prolongar a sua vida por mais um período. Ele morreria em paz em uma semana ou depois de sofrer por 40 dias", explica o médico intensivista Flávio Maciel, chefe da UTI de adultos do PAS-12, em São Paulo, e presidente da Sociedade Paulista de Terapia Intensiva.

Nesses casos, até mesmo a Igreja empresta seu apoio à suspensão do tratamento. "Interromper um procedimento médico honeroso, extraordinário e desproporcional aos resultados esperados pode ser legítimo", opina o padre Fernando Altemeyer Jr., vigário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. Embora aos olhos leigos pode parecer difícil  distinguir  um caso em que há chances de reversão do coma de outro completamente perdido, os médicos acreditam que a tecnologia e a experiência podem favorecer uma resposta bastante precisa.

Um estado de coma provocado pela falência de múltiplos órgãos e sistemas, por exemplo, tem sempre um prognóstico ruim. Afinal, nesses casos, causados  por traumatismos violentas, infecções graves e generalizadas ou processos malignos como o câncer, nenhum órgão está mais funcionando razoavelmente.

"Quem tem Experiência sabe que este quadro não vai mudar", explica Renato Terzi, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Além de tentar abreviar o sofrimento do paciente, o que também se leva em consideração na hora de decidir a oportunidade de manter um paciente como esse em um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é questionar até que ponto vale a pena manter um lugar ocupado com uma pessoa que não tem mais chance de vida. Mas para os que fecham questão contra a eutanásia, mesmo atitudes como essa podem, em última instância, ser consideradas um crime contra a vida.

Suspender o tratamento a alguém que vai morrer  mais cedo ou mais tarde, no entanto, não é considerado eutanásia como a que pratica o "doutor morte" nem por quem o adota nem por outros estudiosos do assunto. "Nesses casos interromper o tratamento é o reconhecimento de uma situação em que nada mais há de ser feito", acredita o desembargador paulista Olavo Silveira.

Nos casos em que  ainda há esperança, no entanto, a prática é manter o paciente vivo a partir da utilização de todos os recursos tecnológicos possíveis, mesmo que o doente esteja em estado de coma. Isso porque há vários comas que são reversíveis. "Só se pode pensar em suspensão de tratamento quando há falência  dos órgãos", afirma o cirurgião Quirino Cotti, defensor do procedimento nesses casos. "Somos favoráveis a que se  desligue os aparelhos em situações de morte encefálica", completa Waldyr Mesquita, presidente do Conselho Federal de Medicina. Mas mesmo nos casos de manter vivo um paciente em coma com chances de recuperação há controvérsia. A pergunta que se faz é qual será a qualidade de vida que ele terá.

"A lei privilegia a autonomia do doente. Alguém perguntou ao jovem inglês se ele quer viver dessa forma?", indaga Renato Terzi. "A vida não precisa deste sentido utilitarista. Ela é vida enquanto se está vivo", rebate o advogado D’Urso.


Fonte: ISTOÉ  16 de abril de 1997.


OPINIÕES


"Morrer com dignidade  é saber que tudo foi feito em favor da vida".

Jozéf Féher,cardiologista


"Se a Medicina não prolonga a vida em vida, para quê prolongar a morte?"

"A vida só vale se existir dignidade. Viver como um amontoado de órgãos não é vida".

Carmita Abda,psiquiatra


"O médico vai até o ponto onde ele cura, depois tem de ter a humildade de saber que não pode mais avançar".

Caio Rosenthal,infectologista


"Eu chamo homicídio uma atividade que mata uma pessoa contra a sua vontade. Eu chamo de eutanásia ativa uma atividade que ajuda uma pessoa morrer conforme sua vontade, seu pedido, expresso ainda em boas condições de saúde ou nos últimos momentos de vida".

Padre Hubert Lepargneur


"Não pedi  e não escolhi de quem, por que, onde e quando nascer. Da mesma forma não posso decidir quando, como, onde, de que e por que morrer."

Roberto Freire


"É chocante e até irônico constatar situações em que a mesma sociedade que negou o pão para o ser humano viver, oferece-lhe a mais alta tecnologia para ‘bem morrer’."

Léo Pessini,padre camiliano


"Os médicos não são senhores da vida, não são capazes de criar vida do nada e não têm o direito de tratar a vida como se fosse nada. Deve-se acima de tudo, respeitar as limitações da medicina".

Dr. Evaldo D’Assumpção, cirurgião plástico



ENTREVISTAS


ENTREVISTA CONCEDIDA AO GRUPO PADRE NICOLAU, DA MATRIZ “NOSSA SENHORA DA PIEDADE-BARBACENA”


1)  A Igreja Católica é contra a qualquer tipo de Eutanásia. Qual a sua posição pessoal frente a esse assunto?


Vigário paroquial:   Minha opinião pessoal é contra. Pois a Eutanásia é contra a vida e não temos o direito de tirá-la. O Papa escreveu numa Encíclica contra a prática da Eutanásia e do aborto e devemos, como católicos, segui-la. Do mesmo modo, devemos seguir o V Mandamento da Lei de Deus, que é "Não Matar ". Segundo a Teologia e a Moral, é um erro tirar a vida de alguém.


2)  Mesmo se o paciente estiver sofrendo muito e sem chance de cura, não deve ser feita a Eutanásia?


Vigário paroquial: É um ponto delicadíssimo. Existem alguns padres mais modernos, que aceitam a Eutanásia nestes casos. Porém, eu sigo a Encíclica do Papa que a condena. Por exemplo, se uma criança nasce monstruosa, é dever do padre batizá-la e respeitar sua vida, sem preconceitos, independente de ser normal ou não.

 Assim como é dever do médico preservar a vida do seu paciente, é dever do padre seguir os ensinamentos de Deus do Evangelho e da Bíblia.


3)  O senhor não acha que pessoas que ficam anos ligados a aparelhos, sem perspectivas de cura, poderiam estar prejudicando outros pacientes, que não são internados por falta de leitos?


Vigário paroquial: Não se pode permitir um mal, para se fazer o bem. Por exemplo, não se pode realizar uma festa pecaminosa para arrecadar donativos para os pobres.  Não podemos salvar a todos temos que salvar salvar quem chegou primeiro, quem Deus nos mandou primeiro. A falta de leitos para todos, precariedade da saúde é causada pelo descaso do Estado para com a sociedade.


4)  O Senhor tem algum caso para nos contar?


A Rússia antiga incendiava os hospitais com os leprosos dentro, a fim de exterminar a vidas dessas pessoas, que não tinham condição de contribuir para a sociedade. "Uma vez, cheguei ao hospital e encontrei uma moça que dizia querer se suicidar, não queria  mais viver. Então, levei minha palavra amiga e tentei reanimá-la. Ela chorava muito. Depois de muito conversar com ela, ela disse que queria se confessar. E após longo diálogo a convenci que Deus encontra respostas para todos os problemas, que a vida é bela e devemos preservá-la.".

 

ENTREVISTA CONCEDIDA AO GRUPO PELO JUIZ DR. ÊNIO MARCOS FERNANDINO


1)  A prática da Eutanásia é considerada crime. Quais as penas previstas para cada tipo de Eutanásia? (Quando for Homicídio ou Indução ao Suicídio por exemplo).


Juiz:  A prática da Eutanásia é um délito, um crime penal, o qual não se confunde com homicídio ou suicídio.


2) Deve-se fazer a Eutanásia em casos terminais ou se deve esperar o avanço da Medicina  a procura de uma cura?


Juiz: Não; A função do médico é salvar a vida. Enquanto há esperança à vida, ele não deve ver o estado do paciente como um próprio desafio, e é através desse desafio que a Medicina avança no sentido de enriquecer o ser humano. Por pior que seja o caso, deve-se procurar uma solução.


3) Há casos em que os pacientes recuperam-se depois de vários anos em " Coma " (sono profundo). Em contrapartida, esses doentes ocupam o lugar de outros que poderiam ter sido salvos, dê seu parecer.


Juiz: A atual sociedade é hipócrita. A Medicina inumeras vezes, deixa de lado sua principal finalidade que é salvar vidas e toma um rumo mercantilista. A Sociedade Médica deve honrar o juramento e não deve existir portanto a frase: " fulano não tem mais cura ".


4)  O nosso código Penal é de 1940 e não trata especificamente de Eutanásia. Há um Anteprojeto de Lei que traz como novidade, um parágrafo específico sobre a Eutanásia; Qual a sua posição?


Juiz: Sou terminantemente contra à legalização. Ninguém pode definir se a pessoa se recuperará ou não. A responsabilidade de decidir se deve terminar com a vida de alguém, não cabe a um Juiz ou Médico. Deus deu a vida e só Deus pode tirar.


5)  Há casos, em que a família do doente pede a autorização jurídica para realizar a Eutanásia. Qual a sua posição?


Juiz: O Juiz não tem autoridade para deferir um pedido de Eutanásia, pis se o fizer estará indo contra o Código Penal. E no meu caso contra os princípios morais e religiosos. Eu posso julgar fatos, mas não posso julgar sua consciência.

 

ENTREVISTA CONCEDIDA AO GRUPO PELO PRESIDENTE DO CENTRO ESPÍRITA ARAQUEM, ALTAMIR ZONZIM


1)  Qual a posição da Doutrina Espírita em relação à prática da Eutanásia?


Somos contra. No espiritismo acredita-se na sobrevivência da alma. Matar o corpo não resolve pois o espírito continua vivo e a reencarnação é um resgate do passado. Um minuto de vida é vida; cada minuto de vida é um resgate.


2)  Mesmo se o paciente estiver sofrendo muito e sem chance de cura?


O sofrimento do corpo enriquece o espírito, resgata seu passado. O arrependimento de uma pessoa que significa engradecimento pode vir a ser feito no último minuto e a Eutanásia, pode acabar impedindo esse arrependimento.

 No caso da morte cerebral, a morte é do corpo. O espírito ainda fica enlaçado com o corpo, esse desenlace é lento e deve ser respeitado para que não haja prejuízo do resgate.


3)  O senhor tem algum caso para nos contar?


Uma jovem americana que já estando em coma durante muito tempo, seus aparelhos foram desligados, ficando além ainda viva por mais alguns anos. Isso prova que não era a hora de seu desencarne.

 

CONCLUSÕES


Este trabalho presta-se a examinar as linhas mestras que norteaim tão polêmico assunto contribui de certa forma, para a nossa concientização como futuros médicos.

Ao escolher a Medicina como nossa profissão temos como objetivo salvar as vidas.

Praticar a Eutanásia é ir contra a vida. Mesmo em casos terminais, como câncer e AIDS, mesmo a pedido do paciente ou da família, o dever do médico é sempre buscar a cura e não aceitar a morte. Os casos mais graves devem ser encarados como um desafio e um estímulo ao desenvolvimento da Medicina.

Praticar a Eutanásia resultaria na falência da moral Médica. Os pacientes não confiariam mais em seus médicos e haveria dúvida quanto a sua verdadeira função. A Medicina, infelizmente, não atingiu tamanho grau de perfeição que não admita erros de diagnóstico, não devemos esquecer que a Medicina é uma ciência biológica e não matemática e que o prognóstico que qualifica uma só uma opinião que, como humana, pode ser errônea.

Se os homens não dão a vida, por que hão de tirá-la? Se a função da medicina é curar, aliviar sofrimentos, consolar, por que há ela de desanimar e matar? Enquanto há vida, existe esperança. O lema da humanidade deve ser homo res homini sacra, e não homo homini lupus. A extinção da vida não é uma tarefa humana.

Para finalizar, vamos relatar um caso verídico citado por Flamínio Fávero que dizia... Em uma de suas memoráveis aulas, Estácio de Lima, citado por Flamínio Fávero, dizia que adoecera gravemente uma criança, a muitos quilômetros de Paris, anos atrás. Seu pai era médico e não se afastava do lado dela nem se descuidava de seu mal. Sua moléstia porém, era a terrível e incurável difteria, para a qual não havia remédio.

Sofria esse homem duas vezes, o que é uma forma de sofrer mais: sofria como médico, e sofria como pai. Usou todos os recursos possíveis e imagináveis para salvar sua filhinha, mas a asfixia era progressiva e a cianose anunciava-se como sinal precursor da morte. Desesperado, consultava Paris através de seus maiores vultos e a resposta não vinha. Desesperado e sem meios, pois sabia que a cura era impossível e o sofrimento insuportável, pensou em amenizar aquela dor. E naquele resto de noite injetou na criança uma forte dose de ópio, e Anjo da Noite levou-a para o Vale das Sombras. Com o chegar do novo dia, vinha também de Paris um  comunicado que dizia: "Roux descobriu  o milagre. Segue o soro antidiftérico...".

Infelizmente, a Medicina não conta ainda com os milagres para a ressurreição.


ARGUMENTOS A FAVOR DA EUTANÁSIA

 

Alguns defensores da Eutanásia apresentam os seguintes argumentos:


·         Corresponde a uma escolha de modo a evitar a dor e o sofrimento das pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em face terminal;

·         É uma escolha consciente e informada;

·         Cada pessoa tem o direito à autodeterminação, à escolha pela sua vida e pelo momento da sua morte;

·         Não pode ser irreflectida, pois as componentes biológicas, culturais, sociais, económicas e psíquicas deverão ser avaliadas e pensadas de forma a assegurar a verdadeira autonomia do individuo, de modo a que não haja a possibilidade de arrependimento;

·         Uma defesa que assume o interesse individual acima do da sociedade, que nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. A Eutanásia não defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única;


— Os defensores acreditam que este seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal.


— A pessoa teria direito à escolha pela sua vida e pelo momento da morte.


— Quando uma pessoa passa a ser prisioneira do seu corpo, dependente de outras pessoas para ter as necessidades mais básicas. O medo de ficar só, de ser um "fardo" e a revolta levam o paciente a pedir o direito a morrer com dignidade.

Os indivíduos acreditam que esta seja uma escolha de modo a evitar a dor e o sofrimento de pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em fase terminal. Trata-se de uma escolha consciente e informada que reflecte o fim de uma vida em que quem morre não perde o poder de ser digno até ao fim.

A escolha da morte não poderá ser irreflectida, pois as componentes biológicas, culturais, sociais, económicas e psíquicas deverão ser avaliadas e pensadas de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo, embora alheio de influências exteriores à sua vontade, e se certifique a impossibilidade de arrependimento.

O Homem tem necessidade de satisfazer as necessidades mais básicas, contudo o medo de ficar só, de ser um “estorvo”, a revolta e a vontade de dizer não ao novo estatuto e como Ramon Sampedro refere, no filme Mar Adentro, “a vida assim não é digna para mim” leva a conduzir o indivíduo a pedir o direito a morrer com dignidade e a afirmar que “viver é um direito não uma obrigação” (Ramon Sampedro).

Tem-se entendido a morte com dignidade como, morrer com conforto físico, emocional, psicológico e espiritual, fornecido por profissionais de saúde competentes em conjunção com familiares e se possível viver os seus últimos dias em casa.

Todos aqueles que acham a eutanásia um acto necessário em situações extremas, apresentam algumas argumentos a favor da Eutanásia. Eles acham que a Eutanásia é um modo de fugir ao sofrimento aquando da falta de qualidade de vida e em fase terminal. Também pensam que ao morrer de uma forma pouco dolorosa é significado de morte digna.

Cada pessoa tem autonomia para decidir por si próprio, estando na base da escolha pela prática ou não da eutanásia. A eutanásia não apoia nem defende a morte em si, apenas faz uma reflexão de uma morte mais suave e menos dolorosa que algumas pessoas optam por ter, em vez de viveram uma morte lenta e sofrida.

O indivíduo ao escolher a prática da eutanásia tem de ter consciência do que está a fazer, havendo consequentemente a impossibilidade do arrependimento. É preciso analisar os diversos elementos sociais que o rodeiam, incluindo também componentes biológicas, familiares e económicas.


CONTRA


— Do ponto de vista religioso, é tida como uma usurpação do direito à vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao "Criador ", ou seja, só ele pode tirar a vida de alguém.


— Da perspectiva da ética médica, cabe assim ao médico assistir o paciente, fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário ao tratamento.


— O Código Penal considera crime quem ajuda em suicídio ou homicídio mesmo que a pedido da vitima ou por "compaixão".


Os cuidados paliativos o tratamento da dor e sofrimento humano são a alternativa à eutanásia. A legalização da eutanásia poderia ser aplicada de uma forma abusiva, tendo como consequência a morte sem o consentimento das pessoas em causa.

A dificuldade de muitas vezes prever o tempo de vida que resta ao doente, bem como a existência da possibilidade de o prognóstico médico estar errado o que levaria à prática de mortes precoces e sem sentido. A possibilidade que existe de o utente se sentir menos seguro no que respeita ao tratamento, devido ao seu médico já ter praticado a eutanásia, levaria a que a relação médico/utente viesse a ser afectada de uma forma negativa.

O juramento de Hipócrates que obriga o médico a não provocar danos no utente seria violado ao ajudar alguém a apressar a vinda da morte o que poderia causar transtornos a nível psicológico nos médicos. No que respeita à família, os familiares ou herdeiros poderiam agir com interesse financeiro e recomendar ou mesmo incentivar a eutanásia.

Em termos de crenças as grandes religiões tais como a Católica afirma que a vida provém de Deus e só a Ele lhe compete tirá-la, levando a que muitas das pessoas crentes rejeitem por completo a prática da eutanásia.


CONTRA RELIGIOSO


Do ponto de vista religioso a eutanásia é tida como uma usurpação do direito à vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao “Criador”, ou seja, só Ele pode tirar a vida de alguém. “A Igreja, apesar de estar consciente dos motivos que levam a um doente a pedir para morrer, defende acima de tudo o carácter sagrado da vida,...” (*****, Susana; Silva, Florido,2004, p.37).

A reencarnação, o karma dos hinduistas, a roda da vida dos budistas, explica isso. Veja bem, situações como estas, servem para crescimento espiritual dos que estão em torno do doente e do próprio enfermo - estude mais isso.

Da perspectiva da ética médica, tendo em conta o juramento de Hipócrates, segundo o qual considera a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico não pode ser juiz da vida ou da morte de alguém, a eutanásia é considerada homicídio. Cabe assim ao médico, cumprindo o juramento Hipocrático, assistir o paciente, fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência. Para além disto, pode-se verificar a existência de muitos casos em que os indivíduos estão desenganados pela Medicina tradicional e depois procurando outras alternativas conseguem curar-se.

"Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse (...) nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de sobreviver" (Santo Agostinho in Epístola).

Outro dos argumentos contra, centra-se na parte legal, uma vez que o Código Penal actual não especifica o crime da eutanásia, condenando qualquer acto antinatural na extinção de uma vida. Sendo quer o homicídio voluntário, o auxilio ao suicídio ou o homicídio mesmo que a pedido da vitima ou por “compaixão”, punidos criminalmente.









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