BLOG ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE. AUTOR: ÁLAZE GABRIEL GIFTED.
Disponível em http://espiritualidade-e-religiosidade.blogspot.com.br
RESUMO
1. Cético: adepto
do ceticismo; acredita que o conhecimento absoluto da existência de Deus é
inatingível por um simples homem;
2. Empírico: adepto
do empirismo; acredita que o conhecimento deve se fundar tão somente na
experiência.
3. Hermenêutico:
praticante da hermenêutica; intérprete de doutrinas e/ou de correntes
ideológicas.
4. Humanista:
adepto do humanismo; antropocêntrico; coloca o homem como o centro do Universo,
sendo o ser mais importante nele existente; é o oposto da doutrina teocêntrica,
cuja importância absoluta é atribuída a Deus como o centro do Universo.
5. Marxista:
adepto do marxismo; materialista; acredita que o homem é um ser social cujo
progresso se faz exclusivamente mediante a produtividade de seu trabalho;
prioriza a vida financeira em detrimento da vida espiritual.
6. Metafísica:
disciplina fundamental da filosofia; em sua concepção clássica, os objetos da
metafísica não são coisas acessíveis à investigação empírica; ao contrário, são
realidades transcendentes que só podem ser descobertas pelas luzes da razão.
7. Positivista:
adepto do positivismo; interpreta as ciências mediante a observação e
experimentação científica e empírica, afastando radicalmente a teologia e a
metafísica, embora incorporando-as em uma filosofia da história.
8. Deísta:
adepto do deísmo; acredita em um Deus Criador, mas por não acreditar na
revelação divina, não pertence a alguma religião.
9. Teísta:
adepto do teísmo; defende a existência de um Deus ou de muitas deidades. Pode
ser monoteísta, politeísta ou henoteísta.
10. Agnóstico: adepto
do agnoticismo; acredita que a razão não pode penetrar o reino do
sobrenatural/espiritual, sendo o conhecimento divino incognoscível,
impenetrável; defende a incognoscibilidade do conhecimento religioso,
metafísico/filosófico ou científico em geral; pode
ser teísta, alimentando credulidade em uma deidade, ou ateísta, não acreditando
em alguma deidade por não ter conhecimento sobre as mesmas.
11. Ateu:
adepto do ateísmo; defende a inexistência de Deus ou deuses; é o oposto
imediato de teístas.
12. Não-teísta:
adepto do não-teísmo; defende a inexistência de um deus Criador, embora
acredite em deidade ou deidades; é o caso dos budistas, jainistas, taoístas,
confucionistas, dentre outros.
INTRODUÇÃO: FÉ E CONHECIMENTO
De acordo com a tradição filosófica, é considerado conhecimento
uma crença
que seja verdadeira
e adequadamente justificada. Dessa perspectiva, dizer que acredita em algo sem
alegar que isso constitua conhecimento não é contraditório; é apenas incomum,
já que normalmente se supõe que as pessoas com determinada crença afirmem que
ela seja necessariamente verdadeira (e a parte da justificação costuma
ser simplesmente esquecida).
1.
CETICISMO
Escola de pensamento antigo, fundada na Grécia por Pirro de
Élis. Seu nome deriva do verbo sképtomai, que significa observar
atentamente, examinar, refletir. Esta é a atitude própria do filósofo cético,
que se abstém de formular juízos acerca da realidade, mantendo-se em permanente
estado de indagação, ao invés de prontamente pronunciar-se ou decidir sobre
algo. Mais que uma “escola” cética de caráter unitário, o ceticismo surge na
história da filosofia como uma tendência ou orientação de pensamento. Enquanto
tal, ele pode ser constatado na Antiguidade em três momentos distintos: com a
escola de Pirro (séculos IV - III a.C); com a nova academia de Arcesilau
e Carnéades (séculos III - II a.C.); e nos primeiros séculos de nossa era, em
especial com Sexto Empírico, Enesidemo e Agripa.
O ceticismo se manifesta, basicamente, como uma atitude
determinada frente ao problema do conhecimento. Para ele, a realidade é, por
sua natureza instável e cambiante, incognoscível, não sendo possível encontrar
um critério de verdade ou manifestar certezas a seu respeito. Nesta
perspectiva, configurar um sistema, composto de um número determinado de teses,
seria para esta postura uma contradição. Deste modo, o ceticismo aparece, na
história, antes de maneira negativa, como permanente refutação das certezas
presentes nas demais correntes filosóficas. Segundo Sexto Empírico, para que se
possa decidir sobre determinada postura, é preciso possuir um critério de
verdade que permita julgar as possibilidades em questão. Contudo, este critério
demanda outro critério, sobre o qual o primeiro possa ser validado, e assim
sucessivamente, ad infinitum. Suas refutações lançam mão,
freqüentemente, de reduções ao absurdo, bem como de aporias que conduzem, por
fim, a atestar a impossibilidade da certeza.
Diante da impossibilidade de adquirir um critério de
verdade acerca das coisas, o ceticismo prega uma atitude fundamental, de
suspensão (em grego epoché) de todo juízo, devido à consciência de sua
ilegitimidade. A abstenção de juízo levanta, contudo, um problema de ordem
ética ; resta às diferentes linhas de pensamento céticas decidir se esta
suspensão acarreta uma impossibilidade de ação, ou se esta deve ser pautada por
outros critérios. A este respeito, as linhas de pensamento antigas diferem. A
escola pirrônica afirma a epoché juntamente com uma postura de indiferença
prática, no intuito de alcançar o recolhimento necessário à aquisição da
felicidade, que tem sua origem na ataraxía (impassibilidade). Os
filósofos da nova Academia, por seu turno, postulam o verossímil (éulogon)
e o provável como norteadores de uma regra de ação. Sexto Empírico, maior
representante dos céticos posteriores, afirma ser quádrupla a regra de vida que
norteia o cético: encontra-se nas indicações fornecidas pela natureza, nas
necessidades impostas pelas diversas afecções, na obediência às leis e costumes
e na aprendizagem das diversas técnicas.
A partir do Renascimento, a posição cética foi retomada na
filosofia Moderna por vários autores, embora não se possa mais afirmar ter
constituído escola. Os principais representantes desta tendência a aderir ao
pensamento cético, na Modernidade, são Montaigne, Charrón, Francisco Sánchez,
Huet e Bayle.
Recebe esta denominação a corrente de pensamento que
procura fundar todo conhecimento na noção de experiência. Deriva da palavra
grega empeiría, experiência. Em sentido amplo, pode-se compreender o
empirismo como uma tendência de interpretação da realidade e do conhecimento,
presente ao longo de toda a história da filosofia. É possível encontrá-lo, na
Antiguidade e Idade Média, presente no pensamento de Aristóteles, nos
epicuristas, nos céticos, na concepção nominalista. Contudo, o empirismo ganha
sua forma acabada e seu pleno arcabouço teórico somente na Idade Moderna, entre
os séculos XVII e XVIII, com o chamado empirismo inglês.
Os principais representantes do empirismo moderno são
Francis Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume. Esta concepção surge em uma
dupla oposição: ao racionalismo, corrente de pensamento que afirma a razão como
o fundamento do conhecimento, e ao inatismo, que postula, por sua vez, que o
conhecimento é adquirido a partir de idéias preexistentes no sujeito, inatas e
anteriores a toda experiência sensível. O empirismo inglês caracteriza-se por
possuir aspectos, a um só tempo, gnoseológicos e metafísicos: admite que o
conhecimento radica na noção de experiência, afirmando, simultaneamente, ser a
experiência o modo como se constitui a realidade mesma. O sujeito figura, nesta
concepção, como um mero receptáculo, formando-se a partir dos dados e
impressões recebidas. Contudo, estes ainda não constituem o conhecimento
propriamente dito; este consiste nas relações que se estabelecem entre as
impressões ou as idéias que delas derivam. Freqüentemente, os empiristas
associam a noção de experiência unicamente aos dados fornecidos pelos sentidos.
Desta forma, a tal compreensão corresponde, freqüentemente, uma compreensão
materialista da realidade, embora nem todo empirismo gnoseológico conduza,
necessariamente, a tal posição Metafísica.
Muitas foram as correntes filosóficas, na Modernidade e na
era contemporânea, influenciadas por esta compreensão. Kant afirma ter sido
despertado de seu sono dogmático pelo pensamento de Hume, embora não aceite
integralmente a concepção empirista. John Stuart Mill, William James, o
positivismo lógico, a escola de Cambridge, E. A. Singer, são alguns exemplos
desta influência.
A palavra hermenêutica deriva do grego hermeneuo,
que significa exprimir, proclamar, interpretar, traduzir. Por mais diferentes
que possam parecer, estes significados da palavra concordam no sentido de fazer
aparecer, deixando compreender o que se mostra, isto é, demonstrar
explicitamente. Originalmente, o significado de hermenêutica se enraizava na
experiência religiosa do deus Hermes, o mensageiro dos deuses. O mensageiro é
aquele que liga duas instâncias separadas, tornando possível a comunicação dos
homens entre si e com os deuses; radicalmente, ele é o fundamento da
compreensão lingüística, o que torna possível a fala humana.
Na grécia antiga, Platão, em sua obra Ion, caracteriza a
hermenêutica como uma interpretação divina, podendo ela ser poética ou
filosófica. A diferença entre estas duas possibilidades de hermenêutica estaria
na compreensão que o intérprete tem do que ele diz; enquanto o poeta
descompreende a verdade ou falsidade do que ele interpreta, por falar
entusiasmado por uma loucura divina, a inspiração das Musas, o filósofo fala
sempre a partir da compreensão, da dianóia, por isso sabe discernir o
verdadeiro do falso. Em Aristóteles, o termo é utilizado como título da parte
do Organon que trata da questão da linguagem, do nome e do verbo, mostrando o
caráter apofântico do juízo e da proposição. Somente na língua grega posterior,
a palavra veio a ter o sentido de interpretação erudita, tradução; sentido em
que a palavra foi, em geral, posteriormente utilizado.
A hermenêutica possui uma grande importância no âmbito do
judaísmo e da teologia cristã, que a compreendem como tradução e comentários
das Escrituras religiosas, a exegese bíblica. Também no campo da literatura, a
hermenêutica foi amplamente utilizada, principalmente a partir do final do
século passado, de diversos modos e diferentes formas. Na filosofia, ela indica
o sentido metodológico da interpretação.
Diversos filósofos utilizaram a hermenêutica como método de interpretação, principalmente a partir de Dilthey e Schleiermacher. Em sua obra Ser e Tempo, Heidegger concebe a hermenêutica como a própria constituição da interpretação fenomenológica, pensando a ontologia como uma hermenêutica existencial. Gadamer vai desenvolver uma perspectiva semelhante à hermenêutica da Heidegger em sua obra Verdade e método. Paul Ricoeur e Michel Foucaut vão compreender o pensamento contemporâneo como uma hermenêutica fundada em três modalidades interpretativas: a interpretação do social, proveniente do pensamento de Marx; a da humanidade, do pensamento de Nietzsche; e a interpretação do indivíduo, oriunda do pensamento de Freud.
Diversos filósofos utilizaram a hermenêutica como método de interpretação, principalmente a partir de Dilthey e Schleiermacher. Em sua obra Ser e Tempo, Heidegger concebe a hermenêutica como a própria constituição da interpretação fenomenológica, pensando a ontologia como uma hermenêutica existencial. Gadamer vai desenvolver uma perspectiva semelhante à hermenêutica da Heidegger em sua obra Verdade e método. Paul Ricoeur e Michel Foucaut vão compreender o pensamento contemporâneo como uma hermenêutica fundada em três modalidades interpretativas: a interpretação do social, proveniente do pensamento de Marx; a da humanidade, do pensamento de Nietzsche; e a interpretação do indivíduo, oriunda do pensamento de Freud.
4.
HUMANISMO
O advento do humanismo está intimamente ligado ao processo
de ascensão da burguesia à condição de classe social dominante. Foi durante a
Baixa Idade Média que o estudo de textos clássicos foi retomado, justamente
quando a Igreja perdia prestígio e os burgueses passaram a procurar medidas
legais que dessem respaldo às suas atividades frente à população. Por causa disso,
em princípio, os primeiros textos a serem dissecados foram os que traziam
fórmulas legislativas, como os volumes de Direito Romano. Aos poucos, porém, o
interesse dos estudiosos diversificou-se e a atividade cultural científica
voltou a fazer parte da vida cotidiana. Inúmeros intelectuais lançaram-se à
análise de textos antigos, comparando-os, corrigindo-os e comentando-os. Logo,
toda essa bagagem cultural passou a servir de inspiração aos mais diversos
letrados e o pontapé inicial para inúmeras pesquisas, descobertas e tratados
científicos e artísticos que caracterizariam a Idade Moderna: era o humanismo.
Os humanistas adotaram o homem da Antiguidade Clássica como modelo e passaram a
criticar insistentemente os valores teocêntricos. Lembremos que os humanistas
eram burgueses e, com isso, visavam comprometer tanto quanto possível o
prestígio da Igreja, para que pudesse ascender socialmente.
Os humanistas pregavam a racionalização do mundo, a
individualidade do homem, que era o centro de tudo (antropocentrismo), e não
Deus (teocentrismo), como queria a Igreja. Com isso, o homem foi incentivado a
buscar soluções racionais para tudo o que acontecia à sua volta. O homem da
Idade Média, que atribuía à vontade divina aquilo que o cercava, não mais
existia. Existia agora, isso sim, homens sábios, socialmente ativos e
responsáveis pelas transformações universais. A imprensa foi desenvolvida, bem
como a prática da navegação, as artes clássicas e sociais. Com o advento da
imprensa, os livros tornaram-se mais acessíveis; com o da navegação, novas
terras foram descobertas; com o das artes clássicas, obras-primas foram
produzidas; com o das sociais, movimentos revolucionários surgiram. São dessa
época (a época renascentista) os textos de Petrarca, Shakespeare, Cervantes,
Camões, Boccaccio, Gil Vicente, Erasmo de Roterdã e Dante; as pinturas de
Leonardo da Vinci, Rafael, El Greco, Dürer, Holbein, Botticelli e Michelangelo;
as esculturas de Donatello e Michelangelo; os tratados científicos
revolucionários de Galileu Galilei, Francis Bacon, William Harvey e Kepler; a
arquitetura de Bramante. Em suma, o humanismo marcou definitivamente o fim do
pensamento medieval na Europa e abriu caminho para o posterior desenvolvimento
capitalista do continente.
A burguesia demonstrou todo seu poderio de classe emergente
e o renascentismo foi, em grande parte, a afirmação dos valores da classe, uma
vez que foi um movimento elitista, do qual não participaram as classes mais
baixas da população. Os ideais humanistas encorajaram o desenvolvimento
intelectual da humanidade e legou ao futuro algumas das maiores manifestações
artísticas da história. Seus princípios seriam retomados e aprofundados pelos
iluministas, no século XVIII.
Esta designação pode ser compreendida de duas maneiras distintas.
Por um lado, denomina-se marxismo o todo da doutrina propagada por Marx e
Engels, doutrina esta que contém aspectos, a um só tempo, filosóficos, sociais,
econômicos e políticos. Por outro lado, costuma-se empregar o termo marxismo
para referir-se às interpretações e revisões que este pensamento sofreu ao
longo da história, através de múltiplas correntes e orientações de pensamento.
A principal contribuição de Marx e Engels, apropriada pelas
diversas correntes formadoras do pensamento marxista, é sua concepção de
dialética, incorporada a uma compreensão materialista tanto dos fenômenos
históricos quanto, posteriormente defendida por Engels, da própria realidade
como um todo. A dialética hegeliana é aplicada por Marx e Engels como método de
interpretação do real. Contudo, seus princípios são radicalmente invertidos;
enquanto em Hegel a dialética constituía o processo do acontecer histórico do
Espírito Absoluto, para Marx e Engels a dialética é o modo de ser da história
em suas bases materiais, partindo das relações de produção que a fundamentam.
Afirmando que o ser possui primazia sobre o pensar, o marxismo identifica,
ainda, o ser à matéria, submetendo-a às leis fundamentais da dialética: lei de
transformação da quantidade em qualidade; lei da unidade e conflito dos
opostos; e lei da negação da negação.
Em nosso século, as interpretações da filosofia de Marx e
Engels apresentam uma enorme gama de vertentes. Podemos citar, entre outras, o
marxismo-leninismo, iniciado pelas investigações de Lenin e continuado pelo
posterior desenvolvimento da filosofia soviética; a Escola de Frankfurt; o
pensamento de Marcuse e Gramci; as concepções particulares de Lukács, Henri
Lefébvre e Kolakowski; o materialismo de Althusser e seus discípulos.
Metafísica é a denominação dada pela história da filosofia
ao modo de ser do conhecimento filosófico. Este nome foi usado no século I
a.C., por Andrônico de Rodes, para organizar a nova classificação dos escritos
de Aristóteles em forma de suma filosófica. Entre estes, haviam os textos
intitulados Física, que tratam do mundo em sua totalidade (Kosmos) e da
sua determinação fundamental, o movimento. Além desses, alguns escritos
reunidos sem títulos tratam também dos mesmos assuntos da Física, sem todavia
fazerem parte desta obra. Devido a tal semelhança, estes escritos foram
classificados na seqüência daqueles; eles receberam, assim, como classificação
bibliográfica, a denominação daqueles que vêm "depois da Física";
daí, o nome de Meta-physica. Deste modo, a expressão metà tà physikà,
que primitivamente possuía somente um valor bibliográfico, transforma-se mais
tarde em uma denominação da característica transcendente do conhecimento
filosófico. Neste sentido, séculos mais tarde, o filósofo alemão Emmanuel Kant,
desconsiderando a origem classificatória do termo, afirmou em sua obra Os
progressos da metafísica: "O velho nome desta ciência metà tà physikà
fornece já uma indicação sobre o gênero de conhecimento para que ela, por
desígnio, tendia. Quer-se por meio dela ir além de todos os objetos da
experiência possível (trans physicam) para, se possível, conhecer o que
de nenhum modo pode ser objeto da mesma; e a definição da metafísica segundo o
propósito que encerra a razão da busca de uma tal ciência seria, pois, esta: é
uma ciência (que permite) avançar do conhecimento do sensível para o do
supra-sensível". Assim o metà, pertencente ao conceito
bibliotecário de "metafísica", modifica a sua significação, deixando
de dizer "pós", isto é, posterior em uma seqüência de escritos, para
significar "trans", isto é, o que ultrapassa a física. A metafísica
designa, assim, o modo de ser do conhecimento filosófico como ciência do
supra-sensível.
Aristóteles afirma, no Livro IV da Metafísica, que
"há uma ciência que estuda o ente enquanto ente e o que lhe corresponde
propriamente. Esta ciência não se confunde com nenhuma das ciências que
chamamos de particulares, pois nenhuma delas considera em geral o ente enquanto
ente, mas unicamente uma parte do mesmo". Por esta razão, o estagirita vai
afirmar que, sendo uma ciência dos "primeiros princípios e causas",
ela se caracteriza em ser uma "filosofia primeira"; o que leva
Descartes a escrever, em uma carta para Picot: "Assim toda a filosofia é
como uma árvore, cujas raízes são a Metafísica, o tronco é a Física e os galhos
que saem deste tronco são todas as outras ciências..." Metafísica se torna
assim o nome da filosofia primeira, a ciência que estuda o ente enquanto ente.
A problemática metafísica tem como questão, portanto, não
este ou aquele ente particular, mas o fundamento de todos os entes; ela
investiga o ente enquanto ente, o que os faz ser o que eles são. Esta
investigação trata, assim, não dos entes dados pela experiência sensível, mas
do que os fundamenta ser; ela questiona o que, ultrapassando todo ente
sensível, está "além da física". Devemos ressaltar que este
"além", que se constitui como tema da metafísica, não deve ser
entendido de modo quantitativo ou espacial, como “depois de”. O além da física,
por ser condição de possibilidade de todos os entes, indica a origem ou o
fundamento dos entes; a metafísica se constitui, assim, como a ciência do ser.
O positivismo foi uma corrente filosófica que surgiu entre
os séculos XVIII e XIX na Europa, mais propriamente na Inglaterra, França e
Alemanha, onde ganharam mais força e adesão dos intelectuais. A doutrina do
positivismo baseia-se principalmente na experimentação científica e empírica
dos fenômenos tantos sociais como filosóficos, psicológicos, literários e
antropológicos, onde o principal argumento baseia-se na observação desses
fenômenos, vinculando-os com as leis naturais.
Daremos um exemplo curioso. Alguns psicólogos e antropólogos de orientação positivista, em meados do século XIX e já no XX, acreditavam que o caráter das pessoas estavam demonstrados fenotipicamente e genotipicamente nas pessoas. Como assim? Uma pessoa poderia ser acusada de mau caráter pela sua descrição física. Muitos "intelectuais" acreditaram nessa hipótese, tentando traçar um perfil de assassinos, psicopatas, etc, pela sua descrição física e psicológica, condenando dessa forma até os parentes dessas supostas pessoas, pois se acreditava também que era um fator genético. Teoria absurda, como concordará o leitor certamente. Até mesmo muitos antropólogos aderiram a essa teoria naquele momento.
Daremos um exemplo curioso. Alguns psicólogos e antropólogos de orientação positivista, em meados do século XIX e já no XX, acreditavam que o caráter das pessoas estavam demonstrados fenotipicamente e genotipicamente nas pessoas. Como assim? Uma pessoa poderia ser acusada de mau caráter pela sua descrição física. Muitos "intelectuais" acreditaram nessa hipótese, tentando traçar um perfil de assassinos, psicopatas, etc, pela sua descrição física e psicológica, condenando dessa forma até os parentes dessas supostas pessoas, pois se acreditava também que era um fator genético. Teoria absurda, como concordará o leitor certamente. Até mesmo muitos antropólogos aderiram a essa teoria naquele momento.
Isso é o que chamamos também de Determinismo. Isto é, tudo
estaria determinado segundo uma lei natural e lógica. Leitor, caso você tenha
chegado em sua leitura até aqui, acesse o verbete Determinismo e tenha mais
informações a esse respeito. Já para a antropologia, influenciou principalmente
os estudos etnológicos, orientando seus estudiosos no sentido de estabelecer
nuances entre as manifestações culturais dos vários grupos e as leis universais
que regem os seres humanos. Pensamos nem citar a Biologia, que certamente foi
uma das ciências que mais beneficiou-se desse pensamento, colaborando para o
Evolucionismo e as correntes adjacentes, como o Darwinismo.Os principais
teóricos do Positivismo são Augusto Comte e D. Hume e seus defensores podemos
citar L. Wittgenstein, M. Shlick, Charles Darwin, E. B. Tylor; na literatura,
Émile Zola, entre outros.
Apesar de ser uma teoria reacionária e perigosa, o
positivismo forneceu interpretações interessantes para vários segmentos das
artes, em particular da literatura, contribuindo com novas perspectivas e
orientações. Na literatura temos a escola Naturalista como resultado de grande
influência do positivismo. Para o leitor curioso e apaixonado pela literatura
brasileira sugerimos a leitura de autores como Aluísio de Azevedo, grande
naturalista que escreveu, entre outros, O Cortiço, sua obra maior.
8.
DEÍSMO
O deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a
existência de um Deus criador, mas questiona a ideia de revelação divina. É uma
doutrina que considera a razão como uma via capaz de nos assegurar da
existência de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prática de alguma religião
denominacional. Tipica afirmação deista: Acredito em um Deus, mas não pratico alguma
religião em particular.
9.
TEÍSMO:
O teísta, adepto do teísmo, crê em Deus, na revelação, nos
dogmas, e até antropomorfiza Deus.Teísmo (do grego Théos, “Deus”) é uma crença
na existência de deuses, seja um ou mais de um, no caso de mais de um, pode
existir um supremo. Teísmo não é religião, pois não se trata de um sistema de
costumes, rituais e não possui sacerdotes ou uma instituição. Teísmo é apenas o
nome para classificar a opinião segundo a qual existe ou existem deuses.
Algumas religiões são teístas, outras são deístas, panteístas, etc. Então,
podemos dividir o Teísmo em:
Monoteísmo: crença em um só Deus.
Politeísmo: crença em vários deuses.
Henoteísmo: crença em vários deuses, mas com um supremo a
todos.
10.
AGNOSTICISMO
Em sentido corrente, este termo denomina as doutrinas que
tratam todo princípio de ordem transcendente como sendo intrinsecamente
incognoscível. Seu nome deriva do adjetivo grego agnóstos, que significa
desconhecido, sem provas. Foi empregado, pela primeira vez, em um sentido
filosófico, por Thomas Henry Huxley, com o significado de renúncia ao saber,
isto é, renúncia a tudo que se coloca além das possibilidades de apreensão do
conhecimento científico. Para Huxley, esta posição representa um método de
investigação que visa fomentar o entendimento racional e a experiência
científica, desenvolvendo-os até suas últimas possibilidades. Estas, contudo,
não são ilimitadas; tais possibilidades conduzem ao ponto onde qualquer
pretensão ao saber, se corretamente analisada, converte-se em total ignorância.
Esta posição contrapõe-se ao dogmatismo, sustentando a incognoscibilidade de
todo princípio transcendente.
O agnosticismo pode ser considerado de duas maneiras
distintas: em primeiro lugar, como a posição que meramente afirma a
impossibilidade de acesso cognoscitivo de todo transcendente. Em segundo lugar,
podem ser igualmente considerados agnósticos aqueles que não admitem nenhum
princípio transcendente, considerando a própria questão isenta de sentido. No
primeiro sentido, não se trata de uma negação da metafísica, mas apenas de uma
colocação expressa dos limites de toda racionalidade. No segundo caso, o
agnosticismo muitas vezes converte-se em um empirismo extremado, calcado, na
maior parte das vezes, em uma postura de cunho ateísta.
Agnosticismo é a visão de que o valor de verdade
de certas reivindicações, especialmente afirmações sobre a existência ou não
existência de qualquer divindade, mas também de outras reivindicações religiosas e metafísicas,
é desconhecido ou incognoscível. O agnosticismo pode ser definido de várias
maneiras, e às vezes é usado para indicar dúvida ou uma abordagem cética a
perguntas. Em alguns sentidos, o agnosticismo é uma posição sobre a diferença
entre crença
e conhecimento,
ao invés de sobre qualquer alegação específica ou crença. No sentido popular,
um agnóstico é alguém que não acredita nem descrê (não nega a possibilidade) na
existência de um Deus, ao passo que um ateu
não acredita na existência de um ou mais deuses (mas também não necessariamente
nega, como é o caso do ateísmo cético). Em sentido estrito, no entanto, o
agnosticismo é a visão de que a razão humana
é incapaz de proporcionar fundamentos racionais suficientes para justificar o
conhecimento da existência ou não de Deus. Dentro do agnosticismo existem ateus agnósticos (aqueles que não acreditam que
uma divindade ou mais divindades existam, mas que não negam/descartam a
possibilidade de suas existências) e os teístas agnósticos (aqueles que acreditam que
um Deus existe, mas não afirmam saber isso).
Thomas Henry Huxley, um biólogo inglês,
cunhou a palavra "agnóstico", em 1869. No entanto, pensadores e
trabalhos escritos anteriores já têm promovido pontos de vista agnósticos. Eles
incluem Protágoras, um filósofo grego
do século V a.C. e o mito da criação Nasadiya Sukta no Rig Veda,
um antigo texto sânscrito. Desde que Huxley cunhou o termo, muitos outros
pensadores têm escrito extensivamente sobre o agnosticismo.
Etimologia
Agnosticismo
derivou-se da palavra grega agnostos, formada com o prefixo
de privação (ou de negação) a- anteposto a gnostos
(conhecimento). Gnostos provinha da raiz pré-histórica gno-,que
se aplicava à ideia de saber e que está presente em numerosos vocábulos da língua portuguesa, tais como cognição,
cognitivo, ignorar, ignoto, ignorância, entre outros.
Uso
Muitas pessoas
usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre
teísmo e ateísmo, ou ainda, que se trata de uma pessoa sem posicionamento sobre
crenças. Isso é estritamente incorreto, teísmo e ateísmo separam aqueles que
acreditam em divindades daqueles que não acreditam em divindades. O
agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino
do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar
a veracidade da crença teística.
Alguém que admita
ser impossível ter o conhecimento objetivo sobre a questão — portanto agnóstico
— pode com base nisso não ver motivos para crer em qualquer deus (ateísmo fraco),
ou pode, apesar disso, ainda acreditar em algum deus por fé (fideísmo).
Nesse caso pode ser ainda um teísta, caso acredite em conceitos sobrenaturais
como propostos por alguma religião ou revelação, ou um deísta (deísmo),
caso acredite na existência de algo consideravelmente mais vago.
Conceito
Nas palavras de
Huxley, sobre a reunião da Sociedade Metafísica, "eles estavam seguros
de ter alcançado uma certa gnose
— tinham resolvido de forma mais ou menos bem sucedida o problema da existência,
enquanto eu estava bem certo de que não tinham, e estava bastante convicto de
que o problema era insolúvel."
Desde essa época o
termo "agnóstico" também tem sido usado para descrever aquele que não
acredita que essa questão seja intrinsecamente incognoscível, mas por outro
lado crê que as evidências pró e contra Deus não são ainda conclusivas, ficando
pragmático sobre o assunto.
Se existem ou
existiram deuses é considerada uma questão que não pode ser finalmente
respondida, ou que no mínimo não foi suficientemente investigada antes que
possa considerar satisfatoriamente respondida, pois muitas coisas tidas como
relacionadas podem ser frequentemente independentes. Mesmo com a comprovação e
aceitação científica da ancestralidade comum universal e do mecanismo de seleção natural, não é possível afirmar que
deuses não existam; isso apenas impede a interpretação fundamentalista
de diversos relatos de criação. Ao mesmo tempo, uma hipotética refutação
científica da ancestralidade comum universal, Big-bang
e outros eventos da história do universo, ou mesmo uma eventual comprovação de
algo como a vida após a morte, também não seriam provas da
existência de algum deus em particular ou de deuses de modo geral.
O agnóstico
opõe-se à possibilidade de a razão humana conhecer entidades nas linhas gerais
dos conceitos de "deus" e outros seres e fenômenos sobrenaturais (gnose
tem a sua origem etimológica na palavra grega que significa «conhecimento»).
Para os agnósticos, assim como não é possível provar racionalmente a existência
de deuses e do sobrenatural, é igualmente impossível provar a sua inexistência.
Isso não é necessariamente visto como problema, já que nenhuma necessidade
prática os impele a embrenhar em tal tarefa estéril.
Grupos agnósticos
A principal
divisão interna do agnosticismo reside entre o agnosticismo teísta e o agnosticismo ateísta. Diferenciam entre si nos
termos dos pressupostos para os quais ambos tendem, os teístas partem do
pressuposto que existe um Deus, deuses ou divindades, os ateístas do princípio
que tal é de todo inexistente, embora ambos os grupos assumam que faltam provas
que comprovem um ou outro lado. São igualmente considerados os seguintes
grupos:
· Agnosticismo estrito - (também chamado de agnosticismo forte,
agnosticismo positivo, agnosticismo convicto ou agnosticismo absoluto) a ideia
de que a compreensão ou conhecimento sobre deuses ou o sobrenatural se encontra
totalmente fora das possibilidades humanas e que jamais tal será possível. Um
Agnóstico Estrito diria "Eu não sei e você também não".
· Agnosticismo empírico (também chamado agnosticismo suave, agnosticismo
aberto ou agnosticismo fraco) — A ideia de que a compreensão e conhecimento do
divino ou sobrenatural não é até ao momento possível mas que se aparecerem
novas evidências e provas sobre o assunto tal é uma possibilidade. Um agnóstico
empírico diria "Eu não sei. Você sabe?".
· Agnosticismo apático
- a ideia de que, apesar da impossibilidade de provar a existência ou
inexistência de deuses ou do sobrenatural, estes a existir não teriam qualquer
influência negativa ou positiva na vida das pessoas, na Terra ou no Universo em
geral. Um agnóstico Apático diria "Eu não sei, mas também para que é que
isso interessa?".
· Ignosticismo - embora se questione a compatibilidade deste
grupo com o agnosticismo ou ateísmo há quem o considere como um grupo agnóstico. Esse
grupo baseia-se no fato de que primeiramente é preciso definir Deus, para
apenas posteriormente discutir sua existência. Para cada definição de Deus, pode
haver uma discussão diferente e diferentes grupos de ateus, teístas e
agnósticos referentes àquela definição particular. Um ignóstico diria "Não
sei. O que considera "Deus"?".
· Agnosticismo modelar
— A ideia de que questões metafísicas e filosóficas não podem ser verificadas
nem validadas, mas que um modelo maleável pode ser criado com base no
pensamento racional. Esta vertente agnóstica não se dedica à questão da
existência ou não de divindades. Um agnóstico modelar diria "Eu não sei.
Mas podemos criar um".
Agnosticismo e a crença ou descrença em deuses
Esquema clássico
do conhecimento: é possível afirmar, genericamente falando, a existência de
crenças verdadeiras sem necessariamente afirmar que constituam conhecimento;
entretanto, nunca se pode afirmar se uma crença específica é verdadeira ou
falsa sem que haja justificativa (o que a transformaria em conhecimento)
A relação entre a
postura agnóstica e a crença (ou não) em algum deus é quem vai determinar se o
agnosticismo é teísta, deísta ou ateísta.
Agnosticismo teísta
Um agnóstico pode
acreditar apenas por credulidade
em algum deus ou deuses, ao mesmo tempo em que admite não ter conhecimento
sobre a existência do(s) mesmo(s), podendo ser teísta
se acreditar nos conceitos de deuses como descritos por alguma religião, ou deísta
se for algo diferente desses moldes.
Um agnóstico pode
também através de experiência própria acreditar no sobrenatural, porém, sem
poder prová-lo, já que é impossível provar uma experiência pessoal.
Agnosticismo ateísta
Contrariamente ao
agnóstico teísta, o agnóstico ateísta é alguém que assume não ter conhecimento
da existência de deuses e não tem fé
na existência de qualquer um.
De acordo com a
tradição filosófica, é considerado conhecimento uma crença
que seja verdadeira
e adequadamente justificada. Dessa perspectiva, dizer que acredita em algo sem
alegar que isso constitua conhecimento não é contraditório; é apenas incomum,
já que normalmente se supõe que as pessoas com determinada crença afirmem que
ela seja necessariamente verdadeira (e a parte da justificação costuma
ser simplesmente esquecida).
É importante destacar
também a crise do conhecimento exato, causal ou científico. Hoje a crença em
verdades justificáveis perderam popularidade na medida em que a verdade também
pode ser concebida como a "substituição de erros grosseiros por erros
menos grosseiros", segundo as palavras de um conhecido filósofo. Ou que
"o conhecimento pode ser entendido como o eterno questionamento do
mesmo".
Conhecimento no agnosticismo
No agnosticismo,
postula-se que a compreensão dos problemas metafísicos, como a existência de Deus, é inacessível ou
incognoscível ao entendimento humano na medida em que ultrapassam o método
empírico de comprovação científica. Assim, o conhecimento da existência
de Deus é considerado impossível para agnósticos teístas ou ateístas.
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